Autobiografia de Max Schmidt (Schmidt 1955)
[115]

AUTOBIOGRAFIA DE MAX SCHMIDT

NOTA PRELIMINAR

Max Schmidt faleceu em 26 de outubro de 1950, na capital do Paraguai. A morte veio livrá-lo de padecimentos que, havia anos, lhe torturavam a existência. Pouco antes, o conhecido explorador das nascentes do Xingu redigira em espanhol, a pedido de Paulo de Carvalho Neto, então Professor da Universidade de Assunção, algumas páginas autobiográficas, acompanhadas de uma bibliografia. Carvalho Neto tencionara a princípio aproveitar êsses dados para uma reportagem a ser publicada no Brasil; depois, mudando de idéia, conservou o texto em sua integridade, traduzindo-o para o português, e divulgando-o na série mimeografada de "Comunicaciones Antropológicas" (14.3.1951) do "Centro de Estudios Antropológicos del Paraguay". Com a gentil anuência de Carvalho Neto, a Revista de Antropologia o reproduz neste número. À relação bibliográfica acrescentamos dois títulos de trabalhos que saíram do prelo após a morte de seu autor.

O Professor, Doutor em Direito e Filosofia, Max Schmidt, nasceu a 16 de dezembro de 1874 em Altona, que pertencia naquela época ao Estado de Prússia. É filho do Conselheiro de Justiça Max Schmidt, que foi advogado e, por 28 anos, presidente da câmara municipal de Altona. Cursou o ginásio desta cidade e, aprovado nos exâmes, freqüentou as universidades de Tübingen, Berlim e Kiel, no ano de 1894. Após um primeiro semestre na Faculdade de Medicina, inscreveu-se na Faculdade de Direito. Durante êsse tempo, porém, já se dedicava também aos estudos de economia política, de filosofia e, especialmente, de etnologia. Foi sobretudo o célebre Professor Doutor Josef Kohler, em Berlim, que influenciou de maneira decisiva os interêsses do estudante Max Schmidt e fêz publicar seu trabalho "Über das Recht der tropischen Natürvolker Südamerikas" em sua revista: "Zeitschrift für vergleichende Rechtswissenschaft", vol. XIII, Stuttgart, 1899.1 Nessa época, Schmidt já tivera ocasião de conhecer os seus principais mestres de etnologia, Karl von den Steinen e Eduard Seler. Aprovado no primeiro exâme de jurisprudência, pela Banca de Examinadores de Kiel, em 4 de março de 1899, conseguiu trabalhar como "licenciado em Direito" no juízo distrital de Blankenese, perto de Altona, até outubro do mesmo ano. Em junho, a Faculdade de Direito da "Friedrich-Alexander-Universität", em Erlangen,

[116]

lhe conferiu o grau de "Doctor Juris Utriusque" pela dissertação: "Beiträge zur ratio juris im romischen Recht". Durante dois anos, 1899 e 1900, esteve inscrito na Faculdade de Filosofia de Berlim para estudar principalmente etnologia e antropologia. Em dezembro de 1899 entrou como "voluntário" para o serviço do Museu de Etnologia de Berlim, trabalhando especialmente na Secção Americana, dirigida por Karl von den Steinen. Teve assim a melhor ocasião de se preparar para a projetada expedição às nascentes do Rio Xingu. Esta expedição empreendeu-a em setembro de 1900, estudando sobretudo aos Bakairí, aos Nahukuá e aos Aueto em suas aldeias nas margens do Rio Kulisehu. Depois visitou os índios Guató nas terras pantanosas do Alto-Paraguai, e especialmente os Guató das lagoas de Guaíba e Uberaba. Os resultados dessas duas viagens no Mato Grosso, de setembro de 1900 a janeiro de 1901, publicou-os Max Schmidt em seu livro: "Indianer-studien in Zentralbrasilien. Erlebnisse und Ethnologishe Ergebnisse einer Reise in den Jahren 1900-1901" (Berlim 1905).2

Depois dessas viagens, Max Schmidt retornou ao serviço do Museu de Etnologia de Berlim. Em 16 de outubro foi comissionado como assistente do diretor da Secção Etnológica do Museu e em abril de 1904 nomeado assistente do diretor dos Museus do Estado.

No ano de 1910, convidado especial da Comissão Organizadora, compareceu ao décimo-sétimo Congresso Internacional dos Americanistas, em Buenos Aires, como delegado da Sociedade de Antropologia, Etnologia e Pré-história de Berlim, tendo assim ocasião· de conhecer os etnólogos competentes da América do Sul, daquela época, como Ambrosetti, Ameghino e Lafone Quevedo. Empreendeu então a sua segunda expedição etnológica ao Mato Grosso, tornando a visitar primeiro os índios Guató e especialmente os que viviam nas regiões pantanosas do Rio Caracará, perto da embocadura do Rio São Lourenço no Rio Paraguai, para também conhecer essa parte mais primitiva da tribo e explorar os seus interessantes "aterrados", montículos artificiais que lhes servem para as suas plantações. Os resultados da viagem efetuada no ano de 1910 estão publicados na revista "Baessler-Archiv", vol. IV, 1914, n.0 6, sob o título: "Die Guátó und ihr Gebiet. Ethnologische und archaologische Ergebnisse der Expedition zum Caracará-Fluss in Matto Grosso". Depois dessas explorações na região dos Guató, prosseguiu Rio Paraguai acima, alcançando o Rio Sepotuba até Tapirapuã, onde logo penetrou nas regiões das nascentes dos rios Cabaçal, Jauru e Juruena — ainda desconhecidas naquela época, em sua maior parte — para estudar os Paressí-Gozárini, chamados também Paressí-Kabischi, que ali viviam ainda em estado primitivo e independente. Os resultados desta viagem também estão publicados na revista Baessler-Archiv (vol. IV, 1914, n.0 4/5) sob o título ''Die Paressí-Kabischi. Ethnologische Ergebnisse einer Expedition zu den Quellen des Jaurú und Juruena im Jahre 1910".

[117]

No ano de 1914, Max Schmidt teve ocasião de visitar os Toba e os Kainguá, nas cercanias de Ajos, na República do Paraguai.

Em 16 de outubro de 1916 recebeu da Faculdade de Filosofia da Universidade de Leipzig o grau de Doutor em Filosofia, pela dissertação: "Die Aruaken. Ein Beitrag zum Problem der Kulturverbreitung".

Em fevereiro de 1917 obteve a "venia legendi" da Faculdade de Filosofia da Universidade de Berlim, pelas publicações já mencionadas, precedentes a "Die Paressí-Kabischi" e "Die Guató und ihr Gebiet". Por patente de 18 de junho de 1918 recebeu o título de "Professor" e em 31 de agôsto de 1921 foi nomeado "ausserordentlicher Professor" da Faculdade de Filosofia da Universidade de Berlim. Em julho de 1918 lhe foi confiada a administração autônoma da Coleção Sul-americana de Estudos do Museu Etnológico de Berlim.

De setembro de 1926 a agôsto de 1928 empreendeu sua última expedição a Mato Grosso. Em primeiro lugar visitou os índios Bakairí, nos arredores do Pôsto Simões Lopes, na margem do Paranatinga. Daí viajou ao Pôsto Pedro Dantas para estudar os Kayabí. Após haver também estudado os Paressí, que viviam na estação telegráfica de Utiáriti, e de haver encontrado no mesmo lugar índios Yranche, alcançou o Pôsto Humaitá, situado no Alto Paraguai, nas cercanias da Barra do Rio dos Bugres, conhecendo os Umotina ou Barbados em um de seus povoados. Nessa viagem a Mato Grosso, além das mencionadas investigações etnológicas, empreendeu, em diversas regiões, como na região do Rio Marzagão e do Rio Manso, detidas investigações pré-históricas e, por fim, explorou as inscrições rupestres do Morro do Triunfo, perto de Amolar. Os resultados dessas viagens a Mato Grosso nos anos de 1926 e 1927 estão expostos principalmente nos tomos V e VI da Revista da Sociedade Científica do Paraguai e no vol. 1 (nova série) da Revista do Museu Paulista, de São Paulo, contendo a citada revista paraguaia os informes relativos às investigações pré-históricas e aos Umotina ou Barbados, aos Kayabi, aos Iranche, aos Guató, e a Revista do Museu Paulista os dados sôbre os Bakairí, além dos que dizem respeito aos Kayapó, Waurá e Tamaindé-Nambikuara. Com os Bakairí Max Schmidt conviveu em duas oportunidades: a primeira, em 1901, quando se encontravam em estado bastante primitivo e independente, às margens do Kulisehu; a segunda, quando êles já se haviam transladado para as cercanias do Pôsto de Simões Lopes, estando aí em contacto com o Serviço de Proteção aos Índios do Brasil e já bastante influenciados pela civilização, de maneira que se podia determinar històricamente as transformações culturais que haviam sofrido nesse intervalo.

De interêsse geral devem ser alguns dados exatos que Max Schmidt colheu em Simões Lopes de um Bakairí chamado Bernardino, referentes aos últimos acontecimentos ocorridos ao infeliz Coronel Fawcett, pouco antes de seu desaparecimento. Êsse índio havia acompanhado o Coronel

[118]

Fawcett, com alguns outros Bakairí, em sua última viagem aos afluentes do Xingu. Segundo suas indicações, os índios já haviam estranhado bastante os modos de proceder do Coronel. Diziam que antes da sua última viagem havia empreendido outra à região do rio Paranatinga com alguns Bakairí e aí tornou por uma só direção até que seus bois de carga caíram extenuados, abandonando-se no campo a equipagem. De volta, em Simões Lopes contratou Leonardo e alguns outros Bakairí para conduzi-lo, com seu filho e outro jovem que, diziam, estava doente, aos afluentes do rio Xingu. Do Xingu mandou todos os seus práticos regressarem, porque queria prosseguir na viagem sòmente em companhia de seu filho e do outro patrício mencionado. Desde essa data nunca mais se soube notícia do Coronel Fawcett. Como naquelas paragens ninguém pode viver sem mantimentos e guias, conclui-se ser impossível que Fawcett continue vivo. É presumível que, após a volta dos Bakairí, êle e seus dois companheiros tenham caído exaustos e desamparados em algum lugar do campo ou da mata, de maneira que não nos cabe supor em princípio que tenha encontrado a morte pela violência de quaisquer índios inimigos. Da mesma forma como a infatigável busca dos "Martírios" no território dos afluentes do Xingu, há vinte e cinco anos, havia por fim acarretado a alienação mental do oficial Paulo Castro, assim também o Coronel Fawcett sucumbiu nas mesmas regiões, em sua corrida fantástica atrás da "misteriosa cidade", na desconfiança de que qualquer outro pudesse aproveitar ou propalar seus mistérios. A mesma desconfiança fôra ainda a causa de dois outros acidentes de Fawcett em suas viagens. Os moradores do alto Rio Marzagão contaram a Max Schmidt que o Coronel Fawcett passara por ali com uma tropa, havendo errado o caminho que conduz de Cuiabá ao "Pôsto Simões Lopes", trilhado regularmente pelas tropas do Serviço de Proteção aos Índios, sendo por isso fácil o contrato em Cuiabá, de um prático dêsse caminho. Em Amolar, Max Schmidt soube pelos moradores de que antes de êle investigar as inscrições rupestres do Morro do Triunfo, já o Coronel Fawcett experimentara chegar a êsse morro, voltando sem haver alcançado o seu objetivo por não ter levado consigo nenhum prático daquela região pantanosa.

Após regressar de sua última expedição a Mato Grosso, Max Schmidt recebeu em 1.º de março de 1929 a sua jubilação, que havia solicitado. Viajou então para o Brasil, onde, durante alguns meses, conheceu e estudou, com a ajuda do Diretor do Museu Nacional, Dr. Roquette Pinto, e de D. Heloísa Tôrres, as copiosas coleções etnológicas dêsse museu. Em São Paulo, teve ocasião de conhecer também o Museu Paulista. E após uma permanência de quase dois anos em Cuiabá, Mato Grosso, transferiu-se em março de 1931 para o Paraguai, ocupando-se com a organização das coleções etnológicas do Museu de História e Etnografia do Paraguai, fundado nessa época pela Sociedade Científica do Paraguai. Em 7 de agôsto

[119]

de 1935 empreendeu, com o apôio dessa Sociedade e de seu presidente, Dr. Andrés Barbero, e do Comando do Chaco Paraguaio, uma expedição de dois meses para visitar e conhecer os índios do Chaco. Nessa viagem teve ocasião de estudar nos fortins de Toledo e de "15 de agôsto" os Izozó, nas cercanias dos fortins Moreno, Esteros e Guachalla e também os Churupí na Laguna de Escalante. Nas cercanias de Linares estudou os Guisnai, nas cercanias de Cururenda os Chorote, nas cercanias de Oruzo os Tapieté, e no "pueblo" de Macharetti os Chiriguano. Os resultados desta viagem referentes aos Matako-Guisnai, aos Tapieté e aos Chiriguano e Izozó estão publicados na Revista da Sociedade Científica do Paraguai, tomo IV.

Desde o ano de 1889, o Prof. Max Schmidt é membro da "Berliner Gesellschaft für Anthropologie, Ethnologie und Urgeschichte". Em junho de 1930 a Sociedade dos Americanistas de Paris o nomeou "membro correspondente". Desde 25 de dezembro de 1938 é "sócio correspondente da Sociedade Argentina de Antropologia". Em 24 de junho de 1941 tornou-se presidente honorário da Sociedade Científica do Paraguai. Desde março de 1944 ocupa as cadeiras de etnografia e etnologia da Escola Superior de Filosofia, atual Faculdade de Filosofia da Universidade Nacional de Assunção, e desde agôsto de 1944 é acadêmico de Número da Academia da Cultura Guarani.

As publicações do Dr. Max Schmidt, cujos títulos vão impressos adiante, numa lista completa, tratam de assuntos muito variados. Como seus estudos jurídicos constituíram o ponto de partida de sua atividade etnológica, encontram-se, entre suas publicações, diversas que tratam de etnologia jurídica. Além da publicação já mencionada "Über das Recht der tropischen Naturvölker Südamerikas", pertencem a essa categoria suas publicações impressas também na "Zeitschrift für vergleichende Rechtswissenschaft" (tomos XXX, XXXI, XXXIV e XXXV) intituladas: "Zur Rechtsgeschichte Afrikas, aus altholändischen Berichten, aus portugiesischen Berichten" e "Aus portugiesischen und holländischen Berichten". Outras publicações de etnologia jurídica são: "Die Bedentung der vergleichenden Rechtswissenschaft für die Ethnologie, Festgabe für Josef Kohler zum 70. Geburtstage, dargebracht von Freunden, Schülern und der Verlagshandlung" e "Josef Kohlers Wirken in der vergleichenden Rechtswissenschaft, besonders der ethnologischen Rechtsforschung. Josef Kohler zum Gedächtnis". A seguir Max Schmidt dedicou-se principalmente a estudos de economia política ligados à etnologia jurídica, reunindo o material correspondente em um "Gundriss der ethnologischen Volkswirtschaftlehre, em dois tômos, fazendo assim um ensaio de fundo análogo à etnologia jurídica, uma "economia política etnológica" como disciplina limítrofe entre a etnologia e a economia política.

As demais publicações etnológicas do Dr. Max Schmidt baseiam-se principalmente em suas investigações pessoais entre os índios da América

[120]

do Sul ou no material das amplas coleções do Museu Etnográfico de Berlim, havendo predominância dos assuntos da economia material, notadamente da agricultura e das técnicas de trançar e de tecer. Quanto a problemas artísticos, estudou, em várias publicações, minuciosamente, as origens da maioria dos ornamentos geométricos que derivam da técnica de trançar dos indígenas sul-americanos. Um resumo dessas investigações foi inserto na "lpek": "Die technischen Voraussetzungen in der Ornamentik der Eingeborenen Südamerikas" . A esta categoria pertencem também as publicações referentes às representações cênicas de tecidos dos antigos peruanos.

As publicações do Dr. Max Schmidt contém também abundantes dados lingüísticos. Vocabulários e, em vários casos, também textos foram registrados entre os Guató, os Guaná, os Auetö e Kamayurá, os Paressí (Paressí-Gozárini, Paressí-Uaimaré, Paressí-Kachiniti), os Kayabí, os Umotina ou Barbados, os Waurá. os Tamaindé-Nambikuara, os Maká, os Churupí, os Mataco-Guisnai, os Tapieté, os Izozó e os Chiriguano. Elas contém também assuntos religiosos, principalmente a publicação: "Los Paressís", na qual vêm apresentados vários textos de mitos Paressí, registrados na maior parte com a auxílio de índios Paressí que ainda não conheciam a língua portuguêsa, de modo que está garantido em certo grau o seu caráter autóctone.

Livros de caráter mais geral publicados por Max Schmidt, além do já mencionado "Grundriss der ethnologischen Volkswirtschaftslehre" (tomos I e II), são os seguintes: "Die Aruaken. Ein Beitrag zum Problem der Kulturverbreitung"; "Die materielle Wirtschaft bei den Naturvölkern" (ln: Wissenschaft und Bildung. Leipzig, 1913); "Völkerkunde" e "Kunst und Kultur von Perú".

De publicações arqueológicas ou pré-históricas, respectivamente, cumpre mencionar, além do livro "Kunst und Ku!tur von Perú" e vários outros trabalhos referentes à cultura dos antigos peruanos, em primeiro lugar os trabalhos sôbre as investigações pré-históricas por êle próprio executadas em Mato Grosso e especialmente as inscrições rupestres nas encostas do Morro do Triunfo. As publicações apareceram no Tomo V da Revista da Sociedade Científica do Paraguai. O tômo III desta revista encerra também o trabalho: "Nuevos Hallazgos pré-históricos del Paraguay", em que se estudam, além da descrição de outros achados, também os resultados de escavações feitas por Max Schmidt nas redondezas de Ipané, no Paraguai.

[121-124]

PUBLICAÇÕES DE MAX SCHMIDT

  1. Über das Recht der tropischen Naturvölker Südamerikas. Zeitschrift für vergleichende Rechtswissenschaft, Bd. XIII. Stuttgart, 1899. pp 280-320.
  2. Beiträge zur ratio juris im römischen Recht. Inaugural-Dissertation der juristischen Fakultät der Friedrich-Alexander-Universität zu Erlangen. Altona, 1899.
  3. Reiseskizzen aus Zentralbrasilien. Globus, Bd. 82 (1902), Nr. 2, pp. 29 ss., pp. 44 ss. e pp. 95 ss.
  4. Reiseskizzen aus Matto-Grosso (Brasilien). Globus, Bd. 82 (1902). Nr. 22; pp. 347 ss.
  5. Die Guató. Aus den Verhandlungen der Berliner Anthropologischen Gesellschaft. Sitzung von 15. Februar 1902. pp. (77)-(89)
  6. Das Feuerbohren nach indianischer Weise. Zeitschríft für Ethnologie, 1903, Heft 1, pp. 75.
  7. Guaná. Zeitschrift für Ethnologie, 1903, Heft 2 e 3, pp. 324-331, Heft 4, pp. 560-604.
  8. Über meine Reise in Central-Brasilien im Staate Matto-Grosso. Altonaer Nachrichten, 23. Jan. 1903.
  9. Nachrichten über die Kayabi-Indianer. Zeitschrift für Ethnologie, 1904, Heft 3 e 4, pp. 466-468.
  10. Ableitung südamerikanisher Geflehtsmuster aus der Technik des Flechtens. Zeitschrift für Ethnologie, 1904, Hert 3 e 4, pp. 461 ss.
  11. Aus den Ergebnissen meiner Expedition in das Xingú-Quellgebiet. Globus, Bd. 86, 1904, Nr. 7, pp. 119-125.
  12. Indianerstudien in Zentralbrasilien. Erlebnisse und ethnologische Ergebnisse einer Reise in den Jahren 1900-1901. Mit 281 Textbildern, 12 Lichtdrucktafeln und einer Karte. 456 pp. Berlim, 1905.
  13. Peruvian Pottery, with designs representing scenes from life and mythological lore. The Magazine or Fine Arts, Vol. 1, Nr. 1, 1905, pp. 45-54.
  14. Rechtliche, soziale und wirtschaftliche Verhältnisse bei südamerikanischen Naturvölkern. Nach eigenen Erfahrungen in den Jahren 1900-1901. Blätter der vergleichenden Rechtswissenschaft und Volkswirtshaftslehre, II Jahrgang, Februar 1907, Nr. 11, pp. 462-475.
  15. Besondere Geflechtsart der Indianer im Ucayali-Gebiet. Archiv für Anthropologie, Neue Folge, Bd. VI, 1907, Heft 4, pp. 270-281.
  16. Auswickeln einer altperuanischen Mumie. Zeitschrift für Ethnologie, 1907, Heft 3, pp. 417 e 418.
  17. Neue Erwerbungen des Kgl. Museums. Zeitschrift für Ethnologie, 1907. Heft 1 e 2.
  18. Kunst in Alt-Peru. Aus der vormals Gretzerschen Sammlung des Kgl. Museums für Völkerkunde. Berlim, 1907. (Führer der Sonderausstellung im Kgl. Kunstgewerbe-Museum März-April 1907).
  19. Über altperuanische Ornamentik. Archiv für Anthropologie, Neue Folge, Bd. VIII, 1908, Heft 1, pp. 22-36. Taf. III e IV.
  20. Die Negerbevölkerung des Staates Matto Grosso in Zentralbrasilien. Koloniale Rundschau, 1909, Heft 4 (April), pp. 225-242.
  21. Scenenhafte Darstellungen auf altperuanischen Geweben. Zeitschrift für Ethnologie, 1910, Heft 1, pp. 154-164.
  22. Über altperuanische Gewebe mit scenenhaften Darstellungen. Baessler-Archiv, Bd. 1910. Heft 1, pp. 1-61.
  23. Brief des Herrn Max Schmidt vom oberen Paraguay. Amolar, 28. Juni 1910. (Gerichtet an die Anthropologische Gesellschaft in Berlin). Zeitschrift für Ethnologie, 1910, Heft 6, pp. 953 e 954.
  24. Reisen in Matto Grosso im Jahre 1910. Zeitschrift für Ethnologie, 1912, Heft 1, pp. 130-174.
  25. Ethnologische Forschungsreisen im Jahre 1910 in Matto Grosso. Süd-und Mittelamerica. 5. Jahrgang, 1912, Nr. 2, pp. 25 e 26.
  26. Zur Rechtsgeschichte Afrikas. Aus altholländischen Berichten. Zeitschrift für vergleichende Rechtswissenschaft. Bd. XXX, Heft 1 e 2, pp. 2-124.
  27. Zur Rechtsgeschichte Afrikas. Aus portugiesischen Berichten. Zeitschrift für vergleichende Rechtswissenschaft. Bd. XXXI, Heft 3, pp. 441-476.
  28. Zur Rechtsgeschichte Afrikas. Aus portugiesischen und holländischen Berichten. Zeitschrift für vergleichende Rechtswissenschaft, Bd. XXXI, Heft 3, pp. 342-366 e Bd. XXXV, Heft 1, pp. 1-55.
  29. Die Paressi-Kabischi. Ethnologische Ergebnisse der Expedition zu den Quellen des Jaurú und Juruena im Jahre 1910. Baessler-Archiv, Bd. IV, 1914, Heft 4/5, pp. 167-250.
  30. Die Guató und ihr Gebiet. Ethnologische und archäologische Ergebnisse der Expedition zum Caracará-Fluss in Matto-Grosso. Baessler-Archiv, Bd. IV, 1914, Heft 6, pp. 251-283.
  31. Bemerkungen über die Technik des Gewebes. In Eduard Seler: Ein altperuanisches besticktes Gewebe. Jahrbuch der Kgl. Preuss. Kunstsammlungen, 1916, Heft I e II, pp. 199-201.
  32. Die Aruaken. Ein Beitrag zum Problem der Kulturverbreitung. Inauguraldissertation. Leipzig, 1917. ln: Studien zur Ethnologie und Soziologie, herausgegeben von Prof. Dr. A Vierkandt.
  33. Verhältnis swischen Form und Gebrauchszweck bei südamerikanischen Sachgütern, besonders den keulenförmigen Holzgeräten. Zeitschrift für Ethnologie, 1918, Heft 1, pp. 12-39.
  34. Die Bedeutung der vergleichenden Rechtswissenschaft für die Ethnologie. Festgabe für Josef Kohler zum 70. Geburtstage, dargebracht von Freunden, Schülern und der Verlagshandlung. Zeitschrift für vergleichende Rechtswissenschaft, Bd. 37, pp. 348-375.
  35. Josef Kohlers Wirken in der vergleichenden Rechtswissenschaft, besonders der ethnologischen Rechtsforschung. Josef Kohler zum Gedächtnis, 1919, pp. 40-44.
  36. Grundriss der ethnologischen Volkswirtschaftslehre. Bd. I: Die soziale Organisation der menschlichen Wirtschaft. Stuttgart, 1920. Bd. II. Der soziale Wirtschaftsprozess der Menschheit. Stuttgart, 1921.
  37. Die Wirtschaftsformen bei den Naturvölkern. Blätter für vergleichende Rechtswissenschaft und Volkswirtschafslehere. Jahrgang XVI, 1921, Nr. 6, pp. 174-191.
  38. Die Anfänge der Bodenkultur in Südamerika. Zeitschrift für Ethnologie, 1922, pp. 113-129.
  39. Der Anteil der deutschen Forschung an der Erschilessung Brasiliens. Das Echo, 41. Jahrgang, Nr. 2039 (32), 1922, pp. 3175-3177.
  40. Das Haus im Xingu-Quellgebiet. Festschrift Eduard Seler. Stuttgart, 1922, pp. 441-470.
  41. Die materielle Wirtschoft bei den Naturvölkern. Wissenschaft und Bildung, 185. Leipzig, 1923.
  42. Unter Indianern Südamerikas. Sammlung: Wege zum Wissen, Nr. 18, Berlim, 1924.
  43. Die Bedeutung deutscher Forschungsreisen für die südamerikanischen Sammlungen des Berliner Museums für Völkerkunde. Ibero-America. Jahrgang 1924, Nr. 13, pp. 2-5.
  44. Völkerkunde. Berlim, 1924.
  45. Einige auserwälte altperuanische Gegenstände der Sammlung des Berliner Museums für Völkerkunde. Conférence faite au XXIe Congrès International des Américanistes. Session de Göteborg, 20-26 août 1924, pp. 448-453.
  46. Die technischen Veraussetzungen der Ornamentik der Eingeborenen Südamerikas. "lpek", 1926, pp. 142-174, lâminas 46-55.
  47. Die Neuaufstellung der südamerikanischen Abteilung der Berliner Museen. Berichte aus den Preussischen Kunstsammlungen. 47. Jahrg., Sitzung vom 15 Oktober 1927, Nr. 8, p. 380.
  48. Reisebericht aus Cuyabá. Zeitschrift für Ethnologie. Jahrgang 59, Heft 3/6, Verhaudlungen 1927, (N. 8), p. 380.
  49. Ergebnisse meiner zweijährigen Forschungsreise in Matto-Grosso. Berliner Museen. Berichte aus den Preussischen Kunstsammlungen. 49. Jahrgang, Heft 6, 1928, pp. 136-140.
  50. Ergebnisse meiner zweijährigen Forschungsreise in Matto-Grosso. Sept. 1926 bis Aug. 1928. Zeitschrift für Ethnologie, 60. Jahrgang, 1928. Heft 1/3, pp. 85-124.
  51. Ergebnisse meiner zweijährigen ethnologischen und archäologischen Forschungsreise nach Matto Grosso. Forschungen und Fortschritte 5. Jahrgang, 1927, Nr. 9, pp. 104 e 105.
  52. Alte Indianer-Bekanntschaft. Berliner Morgenpost, Nr. 90, 14. April 1929.
  53. Kunst und Kultur von Peru. Berlim, 1929.
  54. Sôbre o direito dos selvagens tropicais da América do Sul. Boletim do Museu Nacional, VI. Rio de Janeiro, 1930. n.º 3. pp. 233-251.
  55. Nuevos hallazgos pre-históricos del Paraguay. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo III, n.º 1. 1932, pp. 81-101.
  56. Nuevos hallazgos pre-históricos del Paraguay. Continuación. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo III, n.º 5, 1934, pp. 132-136.
  57. Catálogo de la Colección Etnográfica del Museo de Historia y Etnografía. Tomo III, n.º 4, 1934. Tomo III, n.º 5, 1934, pp. 137-138. Tomo IV, n.º 5, 1939, pp. 49-62.
  58. El cuadro racial del Paraguay. Conferencia pronunciada el miércoles, 6, Febrero de 1935, en el micrófono de la Z. P. 9 Radio Prieto de Asunción. El Orden, Asunción, 7 de Febrero del 1935. La Tribuna, Asunción, 11 de Febrero de 1935.
  59. Los Makká en comparación con los Enimagá antiguos. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo III, n.º 6, 1936, pp. 152-157.
  60. Los Guarayú. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo III, n.º 6, 1930, pp. 158-175.
  61. Los Guisnais. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo IV, n.º 2, 1937, pp. 1-35.
  62. Los Tapietés. Revista de Ia Sociedad Científica del Paraguay. Tomo IV, n.º 2, 1937, pp. 36-37.
  63. Vocabulario de la lengua Makká. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo IV, n.º 2, 1937, pp. 68-85.
  64. Los Chiriguanos e lzozós. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo IV, n.º 3, 1938, pp. 1-115.
  65. Hallazgos pre-históricos en Matto Grosso. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo V, n.º 1, 1940, pp. 37-62, lâminas I-XXIV.
  66. Nuevos hallazgos de grabados rupestres en Matto-Grosso. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo V, n.º 1. 1940, pp. 63-71 e lâminas XXV-XXXIII.
  67. Vocabulario de la lengua Churupí. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo V, n.º 1, 1940, pp. 73-97.
  68. Los Barbados o Umotinas en Matto-Grosso (Brasil). Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo V, n.º 4, 1941, pp. 1-51, lâminas I-XXXI.
  69. Estudos de Etnologia Brasileira. Peripécias de uma viagem entre 1900 e 1901. Seus Resultados Etnológicos. Tradução direta do alemão por Catharina Baratz Cannabrava. Brasiliana. Série 5a., vol. 2. Grande formato. Companhia Editôra Nacional. São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, 1942.
  70. Resultados da minha expedição bienal a Mato-Grosso, de setembro de 1926 a agôsto de 1928. Boletim do Museu Nacional. Vol. XIV-XVII. Rio de Janeiro, 1942.
  71. Los Kayabis en Matto-Grosso (Brasil). Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo V, n.º 6, Asunción, 1942, pp. 1-34.
  72. Los Iranches. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo V, n.º 6, Asunción, 1942, pp. 35-39.
  73. Resultados de mi tercera expedición a los Guatós, efectuada en el año de 1928. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo V, n.º 6, Asunción, 1942, pp. 41-75.
  74. Importancia de la etnología para el Paraguay. (Conferencia dada en la Escuela Militar, en 12 de octubre de 1943). Revista de las Fuerzas Armadas de la Nación. Año III, n.º 33. Asunción, 1943.
  75. Los Paressis. Revista de la Sociedad Científica del Paraguay. Tomo VI, n.º 1, Asunción, 1943, pp. 1-296.
  76. Los Bakairí. Revista do Museu Paulista, Nova Série, vol. I, São Paulo, 1947, pp. 11-58, pranchas I-XXIII.
  77. Los Kayapó de Matto-Grosso. Revista do Museu Paulista, Nova Série, vol. I, São Paulo, 1947, pp. 59 e 60, prancha XXIV.
  78. Los Waurá. Revista do Museu Paulista, Nova Série, vol. I, São Paulo, 1947, pp. 61-64.
  79. Los Tamainde-Nambikuara. Revista do Museu Paulista, Nova Série, vol. 1, São Paulo, 1947, pp. 63-73, prancha XXIV.
  80. Los Payaguá. Revista do Museu Paulista, Nova Série, vol. III, São Paulo, 1949, pp. 129-269, pranchas I-XIII.
  81. Anotaciones sobre las plantas de cultivo y los métodos de la agricultura de los indígenas sudamericanos. Revista do Museu Paulista, vol. V, São Paulo, 1951, pp. 239-252, pranchas I-III.
This site is part of the Etnolinguistica.Org network.
Except where otherwise noted, content on this site is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.