Para o estudo histórico-comparativo das línguas Jê (Rodrigues 2002)
  • Rodrigues, Aryon Dall'Igna. 2002. Para o estudo histórico-comparativo das línguas Jê. In Ludoviko dos Santos & Ismael Pontes (orgs.), Línguas Jê: estudos vários, p. 1-14. Londrina: UEL.

[1]

PARA O ESTUDO HISTÓRICO-COMPARATIVO DAS LINGUAS JÊ
Aryon Dall'Igna Rodrigues
Laboratório de Línguas Indígenas
Instituto de Letras, Universidade de Brasília

0. Introdução. O estudo histórico-comparativo das línguas do tronco Macro-Jê tem especial importância para o conhecimento da pré-história de uma grande parte do Brasil e, por conseguinte, da América do Sul. Se estiver certa, a hipótese da consistência desse grande conjunto de línguas como um grupo genético, isto é, como procedente de uma língua pré-histórica comum, implica na ocupação da maior parte das terras não amazônicas do Brasil por povos gue falavam e falam línguas gue têm uma origem comum. Isto corresponde a dizer gue esse grande território foi progressivamente ocupado por sucessivas e diversificadas migrações oriundas de um ponto comum, um "centro de dispersão" mais antigo, cuja localização está por determinar. Se os indícios lingüísticos, gue puderam ser apontados até agora, de possíveis relações genéticas do tronco Macro-Jê com conjuntos lingüísticos mais tipicamente amazônicos, como o tronco Tupí e a família Karíb, vierem a ser confirmados e reforçados por novas descobertas, várias questões científicas importantes vão certamente ser colocadas não só para a lingüística, mas igualmente para a etnologia e a arqueologia. Para enfrentar tais questões lingüistas, etnólogos e arqueólogos vão ter que integrar cada vez mais seus conhecimentos e suas pesquisas. Nós lingüistas, em particular, temos de consolidar nossos conhecimentos, tanto de natureza analítica e descritiva, quanto de natureza comparativa e histórica, para que

[2]

possamos integrar as peças do grande mosaico Macro-Jê que ainda nos restam após cinco séculos de destruição de numerosos povos e de eliminação de incontáveis línguas.

Apresento aqui um breve levantamento retrospectivo das principais contribuições classificatórias para a organização do conhecimento dos povos e das línguas indígenas do Brasil, as quais desde a primeira metade do século XIX contribuíram progressivamente para o estabelecimento dos conceitos de família lingüística Jê e de tronco lingüístico Macro-Jê. Como os estudos histórico-comparativos não podem desenvolver-se adequadamente sem que se disponha de uma ampla base descritiva, tanto no que se refere às fonologias e às gramáticas, como e grandemente no que tange aos dicionários, acrescento, para as línguas da família Jê, uma indicação daquilo que, segundo o meu conhecimento, já está publicado ou está em elaboração. Esta parte da minha comunicação não é ainda um levantamento bibliográfico, mas apenas um lembrete para aqueles que trabalham com uma língua Jê sobre o que pode existir a respeito de outras línguas mais ou menos próximas da sua.

1. A família Jê no âmbito Macro-Jê: retrospectiva

flickr:4174723054

1.1. Martius. A primeira percepção de um conjunto de línguas incluindo as que hoje chamamos de família Jê foi a de Carl Friedrich Philipp von Martius, que em suas "contribuições para a etnografia e a lingüística da América e principalmente do Brasil" (1863 e 1867), há 134 anos criou o termo classificatório Gez ou Crans para designar tanto os povos que falam línguas da família Jê, como alguns outros, cujas línguas hoje incluímos em outras famílias do tronco Macro-Jê (Kamakã, Meniém, Kotoxó) ou de outras filiações (Tikúna, Katukína, Koretú) (1867, p.134-166). Tanto o nome Gez como o nome Crans criou ele a partir das sílabas finais recorrentes em diversos nomes de povos Jê, como Apinagez e Crengez ou Aponegicrans e Capiecrans.

[3]

1.2. von den Steinen. Vinte anos mais tarde Karl von den Steinen (1886), que, a partir de sua primeira expedição ao rio Xingu, debruçou-se sobre a situação etnográfica e linguística do Brasil, propôs um grupo Tapuia para incluir os Jê, os Botocudos (= Krenák) e os Goitacás (para ele = Makoní, Kumanaxó e Panháme) e subdividiu os Jê em (a) Jê do norte e do oeste (Karajá, Suyá, Apinajé, Aponejikrã, Kayapó e Kraô), (b) Jê central (Akroá-mirim, Xerénte, Xavánte, Xikriabá, Maxakali) e (c) Jê oriental (Kotoxó, Kamakã, Masakará).

1.3. Ehrenreich. Já Paul Ehrenreich, pouco depois (1891), distinguiu o que considerou Jê primitivos e Jê derivados. Dividiu os primeiros em dois ramos, setentrional com Botocudo (= Krenák), Kamakã e Pataxó, e meridional incluindo Kamé e Kaingáng e mais os Bugre (= Xokléng). Para os .Jê derivados estabeleceu ele três ramos, Akroá, Kayapó e Akuén. No primeiro desses ramos Ehrenreich aos Akroá acrescentou os Jaikó e os Gogué (destes últimos não há nenhum documento linguístico). No ramo Kayapó incluíu tanto os Kayapó do norte (Mebengokré, Xikrím, etc.), como os Kayapó do sul (= Panará), Suyá, Apinajé e Krinkatí. E no ramo Akuén pôs os Xavánte, Xerénte e Xakriabá. O conjunto dos Jê derivados de Ehrenreich é o que mais se aproxima do conceito atual de família linguística Jê.

1.4. Brinton. No mesmo ano da publicação de Ehrenreich foi publicado o livro de Daniel G. Brinton, The American Race (1891, trad. argentina em 1946), no qual reconheceu um stock linguístico Tapuya, em que incluíu, em ordem alfabética, i. é, sem nenhuma classificação interna, as línguas Jê e mais Botocudo, Kamakã, Koretú, Kumanaxó, Waitaká, Malalalí, Masakará, Purí (com várias localizações equivocadas). O Waitaká (Goyotaca), entretanto, foi destacado como um sub-stock incluindo Kapoxú, Koropó, Kumanaxó, Maxakalí, Makuní, Monoxó, Panhame e Pataxó. Além disso, baseando-se em Martius, estabeleceu as línguas Tukáno como um outro sub-stock do Tapuya.

flickr:22584349659

[4]

1.5. Rivet. Em 1924 Paul Rivet apresentou sua classificação das línguas da América do Sul e das Antilhas, com 77 famílias linguísticas, uma das quais a Jê, dividida em Jê oriental (Botocudo, Kamakã, Panháme, Coroado e Purí), Jê setentrional (Timbíra), Jê central (Kayapó, Akuém) e Jê meridional (Kaingáng e Ingaín).

1.6. Schmidt. Paralelamente a Rivet, outro agrupamento destas línguas foi ensaiado por Wilhelm Schmidt (1926), o qual dividiu em três conjuntos o que chamou de Línguas Ges-Tapuya: 1. línguas Jê (Ges), 2. Botocudo ou Borun e 3. Goytacá. As línguas Jê dividiu Schmidt em três grupos: (a) do norte e do oeste, incluindo as línguas Kayapó (Suyá, Kayapó, K(a)raô, Apinajé, Aponejikrã, Kapiekrã, Timbíra, Canela, Krenjés) e Akué (Xavánte, Xerénte, Xikriabá, Jaikó e Akroá-mirim); (b) do sul, incluindo as línguas do interior (Bugre de S. Catarina, Kaingáng do rio lvaí e Kamé) e uma língua da costa (Malali): e (c) do leste, distinguindo nestas uma parte do norte (Kamakã, Menién, Kotoxó e Masakará) e uma parte do sul (Maxakalí, Kapoxó, Kumanaxú, Panhame, Pataxó e Makoní).

1.7. Loukotka. No início da década de 1930 Čestmír Loukotka, examinando mais acuradamente todos os dados então disponíveis, excluiu da família Jê as línguas "Jê orientais" de von den Steinen e de Paul Rivet e as do ramo setentrional dos "Jê primitivos" de Ehrenreich, com as quais constituiu as famílias Kamakã, Maxakalí, Coroado, Botocudo e Pataxó, mas manteve o Kaingáng e línguas mais estreitamente afins a este dentro da família Jê (Loukotka 1931, 1932). Entretanto, em 1935 decidiu separar também estas, tendo passado a considerá-las como uma outra família, a família Kaingán (Loukotka 1935, 1939, 1942, 1968). Em sua classificação de 1942 Loukotka subordinou as famílias Jê, Opaie (= Ofayé), Kaingán, Coroado (= Purí), Maxakalí, Pataxó, Botocudo (= Krenák) e Kamakã ao que chamou de tronco Tapuya-Jê, no que foi a primeira proposta mais clara da existência do que hoje chamamos de tronco Macro-Jê.

[5]

1.8. Guérios. O pioneiro dos estudos de lingüística histórico-comparativa no Brasil, que foi Rosário Farani Mansur Guérios, procurou identificar correspondências lexicais entre a língua Boróro e duas línguas Jê setentrionais, o Timbíra ("Merrime") e o Kayapó, no seu estudo "O nexo lingüístico bororo-merrime-caiapó", publicado em 1939.

flickr:51199306778

1.9. Mason. Nos anos 40 o antropólogo Joseph Alden Mason, especialista na Meso-América, aceitou rever criticamente o estado do conhecimento sobre as línguas da América do Sul para o Handbook of South American Indians, organizado por Julian H. Steward. Seu trabalho saiu no volume 6, publicado em 1950. Mason foi o criador do nome Macro-Jê, proposto por ele como sinônimo do Jê de Rivet e do Jês-Tapuya de Schmidt. Sua proposta de Macro-Jê incluíu nove famílias: Jê, Kaingáng, Kamakã, Maxakalí, Purí, Pataxó, Malalí, Koropó e Botocudo. Esta proposta difere da de Loukotka de 1942 (a qual, por ter sido publicada em Berlim durante a guerra, não havia chegado ao conhecimento de Mason), por excluir o Ofayé e por apresentar como duas famílias o Purí e o Koropó (ambos na família Coroado de Loukotka), assim como o Maxakalí e o Malalí (ambos na família Maxakalí de Loukotka). Para a família Jê estabeleceu ele três seções principais: Noroeste, Central e Jaikó. Na seção Noroeste distinguiu três grupos: Timbíra, Kayapó e Suyá, o primeiro deles compreendendo Timbíra ocidental (Apinajé) e Timbíra oriental (com 17 nomes de parcialidades com possíveis dialetos: Krenjé de Bacabal, Canela, Kraô, Krenjé de Cajuapara, Krikatí, Gavião, etc.); o segundo compreendendo Kayapó do Norte (com 10 nomes de parcialidades com possíveis dialetos) e Kayapó do Sul. Na seção Central distinguiu Akwén, abrangendo Xakriabá, Xavánte e Xerénte, e Akroá, com Akroá do norte, Akroá do sul e Gogué. Na seção Jaikó só a língua Jaikó.

1.10. Swadesh. Em 1959 Maurício Swadesh, o idealizador da glotocronologia, publicou, com base em suas explorações lexicoestatísticas e glotocronológicas, uma classificação das línguas

[6]

americanas distribuídas por grandes zonas geográficas. Na zona sueste distinguiu, entre as línguas que nos interessam, os complexos Kaingáng-Jê (cainganyé), subdividido em Kaingáng e Jê; Boróro-Chiquito, subdividido em Boróro e Chiquito; e as famílias Aimoré (= Krenak). Na zona sul incluiu o macro-Coroado, subdividido em Coroado (= Purí), Fulniô (= Yatê) e Maxakalí; além do complexo Macro-Karíb, no qual incluíu, além de Karíb, Tarumá e Hirahara, a família Karirí e a língua Guató. Por fim, na zona sudoeste pôs o Ofayé dentro do complexo macro-Samuko. E deixou não classificado o Pataxó.

1.11. Davis. Irvine Davis, logo depois de publicar seu estudo comparativo e reconstrutivo da família Jê, publicou em 1968 os resultados de sua comparação dos 112 elementos lexicais por ele reconstruídos para o Proto-Jê com as línguas Karajá e Maxakalí, em cada uma das quais identificou algumas dezenas de prováveis cognatos e discutiu as correspondências fonológicas encontradas. Seu artigo estimulou uma análise mais detida dessas correspondências por Eric Hamp (1969).

flickr:50787755631

1.12. Rodrigues. Eu apresentei minha concepção do tronco Macro-Jê já em 1970 no livro "Índios do Brasil" de Júlio César Melatti e em 1972 na Grande Enciclopédia Delta-Larousse e, com algumas indicações sobre regularidades nas correspondências fonológicas, em 1986, no meu livro "Línguas Brasileiras". É claro que essa concepção se baseia nos trabalhos antecedentes, especialmente nos de Loukotka. Já o capítulo "Macro-Jê" que escrevi para o livro organizado por Dixon e Aikhenvald (1999), apresenta dados fonológicos e gramaticais das doze famílias linguísticas que, no meu entender, integram o tronco Macro-Jê (Jê, Kamakã, Maxakalí, Krenák, Purí, Karirí, Yatê, Karajá, Ofayé, Boróro, Guató e Rikbaktsá) e permite perceber a grande semelhança tipológica dessas famílias, assim como oferece 39 comparações lexicais que mostram regularidade nas correspondências fonológicas através das 12 famílias e assim

[7]

apontam para a probabilidade de um efetivo relacionamento genético entre todas essas famílias.

1.13. Kaufman. Terrence Kaufman preparou a parte referente às linguas nativas da América do Sul para o atlas das línguas do mundo organizado por R. E. Asher e C. Moseley para a editora Routledge de Londres e publicado em 1994. A partir de seu ensaio classificatório publicado em 1990, distribuíu todas as línguas em doze seções, das quais nos interessam a IX. "Brasil oriental" e a X. "Brasil nordeste". Na seção "Brasil oriental" estão quase todas as línguas do tronco Macro-Jê, sob a etiqueta de conjunto macro-Jê (macro-Je cluster): o "tronco" (stock) Jê, as famílias Boróro, Kamakã, Maxakalí e Purí, o "complexo lingüístico Aimoré (= Krenák), a "área linguística" Karajá e as línguas Rikbaktsá, Jaikó, Fulniô (= Yatê), Ofayé e Guató. Karirí, entretanto, foi situado na seção X.

2. A família Jê especificamente

2.1. Wilbert. O antropólogo Johannes Wilbert, que trabalhou na Venezuela e depois nos Estados Unidos, publicou em Caracas, em 1964, um livro intitulado Material Linguístico Ye, no qual compilou a maior parte dos dados lexicais publicados anteriormente para todas as línguas Jê dos grupos setentrional e central. Teve a idéia de fazer com elas um ensaio glotocronológico, pretendendo datar o tempo de afastamento de cada par de línguas, mas o fez sem nenhum cuidado técnico, nem quanto ao método glotocronológico, nem quanto ao tratamento dos dados lexicais, de modo que estimou séculos de separação para listas de palavras colhidas na mesma aldeia por pesquisadores com diferentes hábitos de escrita. O trabalho ficou sem nenhum valor. Veja-se a recensão crítica de Yonne Leite (1966).

2.2. Davis. Em 1966 foi publicado um estudo histórico-comparativo especificamente da família Jê por Irvine Davis, o qual utilizou principalmente os dados registrados pelos missionários treinados em lingüística que havia dez anos atuavam entre alguns

[8]

povos Jê (Comparative Jê phonology). Davis, bom conhecedor dos métodos comparativos e reconstrutivos, distinguiu as línguas da família Jê segundo a distribuição dos reflexos dos fonemas reconstruídos para o Proto-Jê. A classificação foi feita com base em pouco mais de uma centena de elementos lexicais reconstruídos a partir da comparação de não mais que cinco línguas, para as quais havia dados analisados fonemicamente (Apinajé, Canela, Xavante e Kaingáng) ou pelo menos registrados com maior qualidade fonética (Suyá). Embora a escolha das línguas para esse estudo aparentemente não tenha tomado em consideração as classificações anteriormente propostas para a família Jê, essas poucas línguas representam bem os três grupos maiores da família, o Setentrional (Canela, Apinajé e Suyá), o Central (Xavánte) e o Meridional (Kaingáng). Com isso, o estudo de Davis constituíu ótimo ponto de partida para a lingüística comparativa Jê, a qual, entretanto, ainda não deslanchou.

2.3. Rodrigues. Em 1986 Rodrigues apresentou as línguas ainda faladas da família Jê divididas nos três ramos setentrional, central e meridional. Já no trabalho publicado em 1999, considerando também as línguas já mortas, mas documentadas de alguma maneira, distinguiu mais um ramo, com uma só língua, o Jaikó. É a seguinte a apresentação da família Jê em 1999:

Família Jê

a. Jê norte-oriental

  • 1. +Jaikó

b. Jê setentrional

  • 1. Timbíra (incluindo Canela Ramkokamekrã, Canela Apanyekrã, Gavião Piokobjé, Gavião Parakatejé, Krinkatí, Krahô, Krenjé; loc.: MA, PA, TO; pop.: 2.800)
  • 2. Apinajé (loc.: N TO; pop.: 720)

[9]

  • 3. Kayapó ou Mebengokré (incluindo A'ukré, Gorotíre, Kararaô, Kikretum, Kokraimóro, Kubenkrankén, Menkrangnotí, Mentuktíre, Xikrin; loc.: E MT, SE PA; pop.: 5.000)
  • 4. Panará (loc.: N MT, SW PA; pop.: 160)
  • 5. Suyá (incluindo Tapayúna; loc.: PIX MT; pop.: 213 S., 58 T.)

c. Jê central

  • 1. Xavánte ou A'uweN (loc.: SE MT, antes W e N GO/TO; pop.: 9.000)
  • 2. Xerénte ou AkuweN (loc.: TO; pop.: 1.550)
  • 3. +? Xakriabá (loc.: NW MG; pop.: 5.700, prov. 0 falantes)
  • 4. + Akroá (E GO, S MA)

d. Jê meridional

  • 1. Kaingáng (incluindo K. de São Paulo, K. do Paraná, K. Central, K. do Sudoeste e K. do Sueste (loc.: SP, PR, SC, RS; pop.: 20.000)
  • 2. Xokléng (loc.: SC; pop.: 1.650)
  • 3. + Ingaín (NE Argentina, SE Paraguai)

3. Esboço sobre os estudos descritivos de línguas Jê

3.1. Fonologia

A. Jê setentrional

  • Timbíra: notas fonêmicas de Popjes (Canela); Araújo (Piokobjé), estudantes atuais (USP, UNICAMP)
  • Apinajé: Callow, Ham, estudantes atuais (Christiane Cunha, Salanova?)
  • Kayapó: fonêmica do SlL (Txukahamãe), estudantes atuais (Salanova, Reis Silva)
  • Panará: Dourado
  • Suyá: Guedes, Ludoviko dos Santos

[10]

B. Jê central

  • Xavánte: fonêmica de McLeod
  • Xerénte: fonêmica de Matos

C. Jê meridional

  • Kaingáng: fonêmica de Kindell, fonologia de Wiesemann,
  • Cavalcante, J. Baltazar Teixeira, d'Angelis
  • Xokléng: fonética de Henry, fonêmica de Wiesemann, fonologia de Bublitz

3.2. Gramática

A. Jê setentrional

  • Timbíra: Popjes & Popjes (Canela), notas de Quain (publicadas por Shell), Araújo; estudantes atuais (USP, UNICAMP)
  • Apinajé: notas de Ham, projeto de Christiane Cunha, Salanova?, Albuquerque?
  • Kayapó: Sala, notas do SIL, gramática pedagagógica de Jefferson, projetos de Salanova e de Reis Silva
  • Panará: Dourado
  • Suyá: Guedes, Ludoviko dos Santos

B. Jê central

  • Xavánte: Lachnitt, gramática pedagógica de McLeod & Mitchell, apêndices ao dicionário de Hall, McLeod & Mitchell
  • Xerénte: Viana

C. Jê meridional

  • Kaingáng: Wiesemann (Rio das Cobras, PR), notas de Guérios (Palmas, PR) e de Val Floriana (Tibaji, PR), Cavalcante (Vanhuíre, SP)
  • Xokléng: notas de Henry, de Urban, de Hanke

3.3. Léxico

A. Jê setentrional

  • Timbíra: ms. do SIL, com cópia no MN; lista de Quain publicada por Shell

[11]

  • Apinajé: talvez ms. no SlL
  • Kayapó: vocabulários de Sala, de Nimuendajú (em comparação com seus predecessores), dicionário de Trevisan & Pezzotti, dicionário em elaboração por Salanova e Reis Silva (inclue dados de Trapp, Turner, Lea e outros)
  • Panará: vocabulário de Barbosa
  • Suyá: vocabulários de v. d. Steinen e de Collins

B. Jê central

  • Xavánte: dicionários de Lachnitt e de Hall, McLeod e Mitchell
  • Xerénte: vocabulário de Viana

C. Jê meridional

  • Kaingáng: dicionários de Barcatta de Val Floriana e de Wiesemann; Vocab. da Língua Bugre; dados de Borba, Nimuendajú, Taunay, Guérios, Tempski, etc.
  • Xokléng: vocabulários de Gensch, Paula, Simões da Silva, Hanke; dados nos trabalhos de Henry, Wiesemann, Bublitz

3.4. Estudos comparativos

3.4.1. Davis: comparação e reconstrução do Proto-Jê; Wiesemann: comparação e reconstrução do Proto-Kaingáng; Guérios: comparação do Xokléng com o Kaingáng.
3.4.2. Tarefas básicas imediatas:
(a) comparação lexical dentro de cada grupo e reconstrução das respectivas proto-línguas: (1) setentrional, (2) central, (3) revisão e ampliação de Wiesemann para o meridional;
(b) comparação de sub-sistemas gramaticais: marcadores de pessoa, marcadores relacionais, nominatividade x ergatividade, posposições, marcadores evidenciais, etc.;
(c) revisão da comparação fonológica de Davis com novas línguas, novos detalhes e novos pontos de vista;

[12]

(d) ampliação da comparação lexical, incluindo os campos semânticos da fauna, da flora e da cultura.

Referências (somente trabalhos mencionados em 1. e 2.)

BRINTON, D. G. The American race: linguistic classification and ethnographic description of the native tribes of North and South America. New York, 1891. (La raza americana. Trad. de A. G. Perry, prólogo de E. Palavecino. Buenos Aires: Editorial Nova, 1946).
DAVIS, I. Comparative Jê phonology. Estudos Linguísticos, Revista Brasileira de Linguística Teórica e Aplicada. São Paulo, v. 1, n. 2, p. 10-
24, 1966.
— . Some Macro-Jê relationships. International Journal of American Linguistics, v. 34, p. 42-47, 1968.
EHRENHEICH, P. Die Einteilung und Verbreitung der Voelkerstaemme Brasiliens nach den gegenwaertigen Stande unserer Kenntnisse. Petermanns Mitteilungen, v. 37, p. 81-89, 114-124, 1891.
GUERIOS, R. F. M. O nexo lingüístico bororo-merrime-caiapó. Revista do Círculo de Estudos Bandeirantes, v. 2, p. 61 -74, 1939.
HAMP, E. On Maxakalí, Karajá, and Macro-Jê. International Journal of American Linguistics, v. 35, p. 268-270, 1969.
KAUFMAN, T. Language history in South America: what we know and how to know more. Amazonian linguistics: studies in Lowland South American languages. Org. por Doris L. Payne. Austin: University of Texas Press, 1990. p. 13-73.
— . The native languages of South America. Atlas of the World's languages. Org. por R. E. Asher e C. Moseley, Londres: Routledge, 1994. p. 46-76.

[13]

LEITE, Y Recensão de Material lingüistico Ye de Johannes Wilbert. Estudos Linguísticos, Revista Brasileira de Linguística Teórica e Aplicada, V. 1, n. 2, p. 82-84, 1966.
LOUKOTKA, C. La família linguística Masakalí. Revista del Instituto de Etnología de la Universidad Nacional de Tucumán, v. 2, p. 21-47, 1931.
— . La família linguística Kamakan del Brasil. Revista del Instituto de Etnologia de la Universidad Nacional de Tucumán, v. 2, p. 493-524, 1931.
— . Clasificación de las lenguas sudamericanas. Praga, 1935.
— . La família linguística Coroado. Journal de la Société des Américanistes de Paris, n. s., v. 29, p. 157-214, 1937.
— . A língua dos Patachos. Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, v. 55, p. 5- 15, 1939.
— . Klassifikation der suedamerikanischen Sprachen. Zeitschrift fuer Ethnologie, v. 74, p. 1-69, 1942.
— . Classification of South American Indian Languages. Los Angeles: Latin American Center, University of California, 1968.
MARTIUS, C. F. P. von. Woertersammlung Brasilianischer Sprachen. Glossaria linguarum Brasiliensium. Glossarios de diversas linguas e dialectos, que fallão os Indios no imperio do Brazil. (Beitraege zur Ethnographie und Sprachenkunde Amerika's zumal Brasiliens, II. Zur Sprachenkunde). Leipzig: Friedrich Fleischer, 1867.
MASON, J. A. The languages of South American Indians. In: STEWARD, J. H. (Org.) Handbook of South American Indians. Washington: Government Printing Office, 1950. p. 157-317.
MELATTI, J. C. Índios do Brasil. Brasília: Coordenada Editora de Brasília, 1970.
RIVET, P. Langues de l'Amérique du Sud et des Antilles. ln: MEILLET, A.; COHEN, M. (Org.) Les langues du Monde. Paris, 1924. p. 639-712.

[14]

RODRIGUES, A. D. Línguas ameríndias. Grande Enciclopédia Delta-Larousse. Rio de Janeiro, 1970. p. 4034-4036.
— . Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola, 1986.
— . Macro-Jê. In: DIXON, R. M. W.; AIKHENVALD, A. Y. (Org.) The Amazonian languages. Cambridge: Cambridge University Press, 1999, p. 164-206.
SCHMIDT, W. Die Sprachfamilien und Sprachenkreise der Erde. Heidelberg: C. Winter, 1926.
STEINEN, K. von den (1886). O Brasil Central. Expedição em 1884 para a exploração do rio Xingú. Trad. de C. Baratz Cannabrava. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942.
SWADESH, M. Mapas de clasificación linguística de México y las Américas. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 1959.
WILBERT, J. Material linguístico Ye. Caracas: Editorial Sucre, 1964.

This site is part of the Etnolinguistica.Org network.
Except where otherwise noted, content on this site is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.