- Galvão, Eduardo. 1978. Gunther Protasius Frikel (1912-1978). Revista de Antropologia, v. 21, n. 2, p. 224-225. São Paulo: Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, Serviço de Comemorações Culturais.
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Nascido em Breslau, Alemanha, filho de um relojoeiro, veio para o Brasil impulsionado por vocação religiosa. Conclui os cursos de Filosofia com os Franciscanos de Olinda, PE, e Teologia em Salvador, BA. Isso pelos anos de 1931 a 37. Na freqüência a esses cursos, não obstante a disciplina monástica, interessou-se vivamente pelos cultos afro-brasileiros como praticados nos candomblés. Die Seelenlehre der Gege und Nagô, publicado na Revista dos Franciscanos, Salvador, 1941, é sua abertura para a antropologia. Transferido para Belém, vai realizar trabalho missioneiro entre os índios Mundurukú, da região do Alto Tapajós. Daí foi convocado a estabe-
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lecer a missão Tiriós na Guiana Brasileira. Nesse período, que se inicia em 1938, estuda também os "mocambeiros", descendentes de escravos fugidos que foram se abrigar nos altos rios Trombetas, Curuá e Cuminá. No que entra em contato com os índios Kaxuyâna, Parukotó, Wayana, Aparaí, além dos Tirió. Entre esses últimos funda missão. Mais tarde coadjuvado pelos Frades Angélico e Cirilo. Da convivência com esses índios resultam seus melhores trabalhos em etnologia. Em 1957 agrega-se ao Museu Paraense Emílio Goeldi, onde mais tarde obtém bolsa de pesquisador pelo Conselho Nacional de Pesquisas e se integra definitivamente à investigação em antropologia. Não podendo conciliar suas obrigações de missionário com a atividade científica, deixa a Ordem. Publica nesse período mais de vinte trabalhos. Casa-se com Marlene que o acompanha e ajuda nas suas freqüentes viagens.
Desgastado pelas incursões ao interior e pela malária, vem a morrer em 1974, na cidade de Belém. Sua presença permanece viva nas bibliotecas e entre seus companheiros de trabalho.
Eduardo Galvão
Museu Paraense "Emílio Goeldi".