A nasalidade de vogais em Waurá e Mehináku (Mori 2009)

Angel Corbera Mori
(IEL/Unicamp)

Nesta comunicação tecemos uma breve comparação da nasalidade de vogais nas línguas waurá e mehináku (família Arawák), faladas por dois povos que habitam o Alto Xingu, no Parque Nacional do Xingu. Nessas línguas, as vogais recebem dois tipos de nasalidade, que, com base no trabalho inicial de Jackson e Richards (1966), chamaremos de a) 'nasalidade fraca' e b) 'nasalidade forte'. No primeiro caso, a nasalidade das vogais resulta da contaminação das consoantes nasais primárias, como em:

(a) Waurá:
ʔãˈnãʔ
nũtaˈiʔ
mãˈkulaʔ
Mehináku:
ˈãnã
nũˈtai
mãˈkula
Glosa:
'pilão'
'corda'
'panela de barro'

No segundo tipo, a nasalidade seria uma característica inerente das vogais, pois não se registram consoantes nasais para se assumir que elas sejam as engatilhadoras do processo de nasalidade, como em:

(b) Waurá:
pi-kiˈʦĩ
ˈũũtai
ˈʧɛ̃hé̃
Glosa:
'teu teto'
'lagartija'
'faca'
Mehináku:
ˈwãjũ
ˈé̃ⁿtai
iˈɾã
Glosa:
'chocalho'
'arco'
'pau seco'

Em casos do tipo (a) a nasalidade é previsível, pois a vogais ocorrem contiguas as consoantes nasais. Já nos exemplos em (b), vê-se que a nasalidade independe da presença das consoantes nasais. Na base de dados como os citados, na presente comunicação pomos em questão o tratamento fonético e funcional da nasalidade das vogais em waurá e mehináku.

(Workshop da Área de Línguas Indígenas da PG do IEL/Unicamp, 12 e 13 de novembro de 2009)

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