Para onde foram os adjetivos em Tenetehára? (Camargos & Duarte 2009)

Quesler Fagundes Camargos
Fábio Bonfim Duarte

(UFMG)

Este trabalho examina o estatuto dos adjetivos em Tenetehára [Tupi-Guarani, Tronco Tupi]. A hipótese que lançamos é a de que essa classe de palavras não se distingue formalmente da classe dos verbos. Esta análise se baseia no fato de que esses itens podem acionar o prefixo relacional de não-contiguidade {i- ∞ h-} para codificar o seu único argumento nuclear, mesmo quando ele figura adjacente ao núcleo deadjetival. Tomando por base este fato, outra hipótese que exploraremos neste artigo é a de que o prefixo relacional {i- ∞ h-}, quando ocorre nos verbos transitivos, intransitivos e deadjetivais, exerce duas funções gramaticais distintas, a saber: codifica o traço [-pessoa] do argumento e faz referência apenas a argumentos que recebem o papel-theta [-desencadeador]. Para dar conta do escopo de ocorrência destes prefixos em verbos que têm como base uma raiz adjetival, adotaremos a proposta de Hale & Keyser (2002), segundo a qual esses verbos são formados a partir da fusão de uma raiz acategorial a um núcleo sintático. Tomando por base esses pressupostos teóricos, nossa proposta é a de que uma determinada raiz verbal pode sim advir de uma raiz adjetival. Neste caso, essa raiz, ao se juntar a um núcleo Vo ganha as propriedades de predicador. Por esta razão, esse predicador pode atribuir o papel-theta de [-desencadeador] ao seu argumento nuclear e assim tomará os prefixos {i- ∞ h-} para codificar o argumento que carrega o traço sintático [-pessoa]. Em suma, assumiremos, doravante, que esse argumento equivalerá ao sujeito dos verbos deadjetivais em Tenetehára.

(Workshop da Área de Línguas Indígenas da PG do IEL/Unicamp, 12 e 13 de novembro de 2009)

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