Alguns aspectos da gramática da língua Kinikinau (Souza 2009)

Ilda de Souza
()

Neste trabalho, apresento alguns aspectos da gramática da língua kinikinau, mais especificamente das unidades mínimas significativas que compõem as categorias nome e verbo, mostrando os processos morfológicos operantes. Os verbos recebem morfemas concatenativos e não-concatenativos na marcação de pessoa e número, bem como os nomes, na constituição do caso genitivo. No âmbito das tipologias, o Kinikinau se classifica como uma língua aglutinante, um fator que corrobora sua classificação como língua da família Aruák. Como ocorre com a maioria das línguas aglutinantes, na língua kinikinau o verbo é muito mais aglutinante que o nome. Verbos e nomes podem ser facilmente separáveis, pois a derivação de nomes em verbos, e vice-versa, requer a presença de morfemas visíveis. Os índios Kinikinau são subgrupo Guaná (Chané), como os Terena, com quem se assemelham cultural e lingüisticamente. Durante quase todo o século XX foram confundidos com eles e julgados extintos. Porém, a partir da década de 90, resolveram romper a invisibilidade e exigir da Funai o direito à identidade Kinikinau. Devido ao longo tempo de contato com não índios, a língua Kinikinau foi perdendo seu lugar de língua materna, e hoje se encontra em estágio obsolescente, em acelerado processo de extinção. Apenas 11 indígenas Kinikinau a falam.

(Workshop da Área de Línguas Indígenas da PG do IEL/Unicamp, 12 e 13 de novembro de 2009)

This site is part of the Etnolinguistica.Org network.
Except where otherwise noted, content on this site is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.