Gláucia Vieira Cândido
(UEG/GICLI)
Nesta comunicação, apresentarei algumas reflexões sobre a experiência de consultoria linguística que venho prestando às comunidades Shanenawa-Pano por ocasião da implantação do sistema de grafia e de elaboração de material didático para a educação indígena. Assim, relatarei cronologicamente a situação da língua em termos de oralidade versus escrita, com ênfase sobre a dificuldade dos professores indígenas de implantarem por iniciativa própria o ensino da língua materna nas aldeias. A seguir, discutirei as convenções linguísticas dos Shanenawa, fazendo menção ao histórico autoritarismo em eventos de implantação das convenções ortográficas de muitos povos indígenas brasileiros. Na sequência, apresentarei o alfabeto ortográfico preliminar eleito pela comunidade, discutindo a relação entre cada som e letra e a tábua de regras para a escrita formulada pelos professores. Para concluir, abordarei a elaboração de material didático visando os primeiros testes para a escrita na língua indígena. Os resultados alcançados até então refletem a ideia de que a participação efetiva dos índios nas decisões sobre a escrita possibilita que a ortografia escolhida tenha um uso real na comunidade. Além da validade pedagógica, a escrita tem também validade política, social, étnica e até estética.
(Workshop da Área de Línguas Indígenas da PG do IEL/Unicamp , 12 e 13 de novembro de 2009)
- Descrição morfossintática da lingua Shanenawa (Pano) (Candido 2004)
- Aspectos tipológicos na formação de palavras em um grupo de línguas da família Pano (Barbosa 2012)
- Aspectos fonológicos da língua Shanenawá (Pano) (Cândido 1998)
- Shanenawa
- O comportamento fonológico das vogais orais nas línguas indígenas brasileiras (Ribeiro & Cândido 2006)
- Cândido, Gláucia Vieira
- Descrição Morfossintática da Língua Shanenawa (Cândido 2005)