Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, Volume III (Hartmann 1984)

A transcrição dos 1766 verbetes do terceiro volume da Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira foi concluída em outubro de 2018. O volume inclui, ainda, 68 acréscimos referentes ao vol. I e 48 acréscimos referentes ao vol. II.


ABBOTT, Miriam

O material para a descrição estrutural da gramática desta língua karib proveio de informantes tanto da Guiana (rio Rupununi), como do Brasil (rios Cotingo e Surumu).


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ABRAHAMSON, Arne

O objetivo do autor foi descrever a distribuição contrastiva de classes de fonemas de um dialeto tupi falado por quatro indivíduos empregados numa plantação de borracha localizada no rio Içuã, um afluente do Mucuim no Estado do Amazonas. Além disso, pretendia tornar acessível o material lingüístico de uma tribo praticamente extinta, vez que dos quatro sobreviventes restavam um ao tempo da pesquisa e uns poucos outros, arredios, no fundo da mata.


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ABREU, Aurélio M. G. de

  • Introdução ao estudo das culturas indígenas do Brasil. Prefácio de Orlando e Cláudio Villas Boas. Rio de Janeiro, Editora Nosso Brasil, 1977. 135 páginas, ilustrado. Bibliografia.

Livrinho ingênuo de um curioso dos “mistérios” arqueológicos e etnográficos ― Manoa, El Dorado, Grão Paititi, Peabiru, etc. ― que tem passagens do seguinte teor: “… certos grupos, ao realizarem seus sepultamentos, faziam com que os dedos do defunto ficassem impressos em suas urnas funerárias, quando a argila ainda permanecia crua, marcando as impressões digitais do morto o seu próprio esquife” (pp. 45-46).


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ACQUAVIVA, Marcus Claudius

Trabalhinho de divulgação em que os Munduruku são tratados num capítulo. O tom é o seguinte: "Nem eles (os maias), entretanto, conseguiram evitar que a triste nódoa da prática de sacrifícios humanos empanasse o esplendor de sua arte, sua astronomia, sua literatura" (p. 15).


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AGOSTINHO, Pedro

Embora o autor proponha limitar-se “aos condicionamentos ecológicos que se podem discernir no sistema de relações intertribais ali prevalescentes" (p. 20), ele vai mais além, fornecendo um sólido texto introdutório sobre a etnografia do Alto Xingu.


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AGOSTINHO, Pedro

Metodologicamente bem fundado, este artigo reune e compara as versões recolhidas do mito de origem xinguano, desde von den Steinen, e "emerge assim um arque-mito de que participam todas as unidades mínimas de todas as variantes, na reconstrução de um hipotético texto arquetipal, e não apenas as de maior freqüência relativa" (p. 464) . Em sua minuciosidade, o artigo é didático na medida em que ensina a trabalhar com material mitológico. E esse é um de seus menores méritos.


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AGOSTINHO, Pedro

  • Kwarìp, mito e ritual no Alto Xingu. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária, Editora da Universidade de São Paulo, 1974, 209 páginas, 1 mapa, 11 diagramas, 41 figuras fora do texto. Bibliografia.

O autor inicialmente mostra como o mito das origens define a área cultural do Alto Xingu e sua caracteristica visão do mundo, celebrada pelo kwarìp, fornecendo em seguida as bases sociais e econômicas necessárias para a realização do ciclo. Descreve depois os preparativos que desembocam na festa propriamente dita, a qual submete a uma cuidadosa descrição, fase por fase, com o valioso acréscimo de diagramas da coreografia, das danças, reservando um capítulo para a linguagem simbólica de pinturas, enfeites e acessórios. As conclusões - "o Kwarìp corresponde a um recriar simbólico do cosmos" (p . 156) - não trazem novidade, mas entre as páginas 161 a 201 encontram-se os textos míicos que informaram o ensaio. A grande contribuição desse livro reside nas descrições precisas e pormenorizadas que, de maneira geral, faltam à etnografia do alto Xingu, apesar das dezenas de trabalhos existentes sobre a área.
Daniel Russel Gross comenta criticamente o livro, em conjunto com dois outros contemporâneos, no Anuário Antropológico 76, pp. 282-291, sob o título "Etnologia xinguana".


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AGOSTINHO, Pedro

  • Mitos e outras narrativas kamayurá. Bahia, Universidade Federal, 1974. 190 páginas, 2 estampas, 3 figuras, 3 quadros, índice de lugares e personagens míticos. Bibliografia.

Trinta e nove narrativas ricamente anotadas desfilam neste livro, precedidas por uma introdução metodológica que se subdivide nos seguintes assuntos: localização e cultura; a mitologia xinguana: estado dos conhecimentos; os informantes; métodos de campo e critérios de edição.


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AGOSTINHO, Pedro

  • Imputabilidade do índio nos casos de violência em situação interétnica. Revista de Antropologia, vol. 21 (1ª parte), São Paulo 1978, pp. 27-32. Bibliografia.

Positiva contribuição para a definição jurídica e penal do índio no Brasil.


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AGOSTINHO, Pedro

  • Emancipação do índio. Análise crítica da Minuta do Decreto que regulamenta os artigos 9º, 10º, 11º, 27º e 29º da Lei n. 6.001 de 19/12/1973 e dá outras providências. Ciência e Cultura, vol. 32, n. 2. São Paulo 1980, pp. 173-183. Bibliografia.

Análise lúcida e equilibrada em que o autor termina por dizer: "Tantas foram as conclusões parciais adiantadas e as incongruências apontadas entre a Minuta e a legislação que deveria regulamentar, assim como entre elas e a tradição jurídica brasileira do período republicano, relativa ao índio, que a conclusão final parece impor-se por si própria: a Minuta é totalmente inadequada à execução de uma política indigenista racional, apoiada em sólido conhecimento da realidade do contato interétnico e dirigida à liberação do índio das limitações em que essa realidade o encerra" (p . 182) .


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AGOSTINHO, Pedro

  • Bases para o estabelecimento da Reserva Pataxó. Revista de Antropologia, vol. 23, São Paulo 1980, pp. 19-29. Bibliografia.

Sólida proposta de demarcação de um território indígena, baseada em considerações de ordem antropológica, histórica e legal surgidas da pesquisa de campo.


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ALBERT, Bruce

  • Les Indiens Yanomani et le "miracle brésilien". Bulletin de la Société Suisse des Américanistes, 44, Genève 1980, pp. 9-12, 1 mapa. Bibliografia.

Histórico da luta pela criação do Parque Indígena Yanomámi.


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ALBISETTTI, César e VENTURELLI, Ângelo Jayme

  • Enciclopédia Bororo, volume II: Lendas e antropônimos. Campo Grande, Museu Regional D. Bosco, 1970. 1269 páginas, numerosas figuras.

O segundo volume da monumental obra dos padres salesianos reune 62 textos bororo. A redação de cada texto, nas palavras dos autores, cingiu-se à seguinte ordem: "breve introdução, expondo um resumo e uma tentativa de interpretação do conto; tradução portuguesa livre, muitas vezes com menos pormenores e repetições que o original; texto bororo com tradução literal justalinear, nas páginas pares; tradução literal, com leves acréscimos e explicações, para melhor compreensão, nas páginas ímpares; notas explicativas, referentes ao texto bororo" nos rodapés das páginas ímpares. Os textos são reunidos nos seguintes grupos: lenda da inundação geral; lendas do ciclo do chefe Baitogogo; lendas do chefe Akaruio Bokodori; lendas do chefe Jerigi Otojíwu; lenda do herói Toribúgu; lenda do herói Ki Bakororo; lenda dos dois chefes Uwaboréu-dóge; lenda do indio Nonógo Póri; lendas sobre a origem de alguns seres; contos do macaco Juko; contos da onça Adugo; contos das pombas Metugoe; contos diversos (a raia; o menino guloso; a pedra e a taquara; interpretação popular do nome de alguns animais); contos com protagonistas femininos; finalmente, lendas dos espíritos Méri e Ari.
Segue-se uma lista alfabética de nomes próprios bororo, atendo-se os autores às normas ernpregadas para os verbetes do primeiro volume da Enciclopédia.
Trata-se de obra de referência fundamental para estudos sobre mitologia em geral e a dos Bororo em particular.
Cfr. resenha de Thekla Hartmann na Revista de Antropologia, vol. 17-20 (2a. parte), São Paulo 1969-1972, pp. 340-341 e de Erasmo D'Almeida Magalhães na Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, vol. 12, São Paulo 1972, pp. 165-167.


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ALBISETTTI, Cesar e VENTURELLI, Ângelo Jayme

  • Enciclopédia Bororo, volume III, parte I: textos dos cantos de caça e pesca. Apresentação de Claude Lévi-Strauss. Campo Grande, Museu Regional D. Bosco, 1976. 277 páginas, 3 figuras.

Textos de nove cantos são aqui apresentados dentro do seguinte esquema: inicialmente considerações gerais sobre as circunstâncias em que o canto se realiza; depois, nas páginas pares, os versos numerados de cada estrofe no original bororo, com tradução interlinear. Nas páginas ímpares, a tradução livre dos versos e as notas explicativas que o texto original torna necessárias. Ao fim do volume encontra-se um vocabulário das formas próprias dos cantos.
Cfr. comentário de Sonia Terezinha Ferraro Dorta em Revista de Antropologia, volume 21 (2a. parte), São Paulo 1978, pp. 235-238.


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ALBUQUERQUE, Marcos

  • O sítio arqueológico PE-13-Ln. Um sítio de contato interétnico: nota prévia. Anais do Terceiro Simpósio de Arqueologia da Área do Prata. Pesquisas, Antropologia n. 20; Estudos Leopoldenses, n. 13, São Leopoldo 1969, pp. 79-88, 1 mapa, 2 figuras, sumário.

O sítio que o autor presume ser a feitoria instalada em 1516 por Cristóvão Jacques, localiza-se no continente, em frente ao extremo sul da Ilha de Itamaracá, Pernambuco. Os trabalhos de escavação evidenciaram materiais de origem européia e cerâmica indígena (tupiguarani) de três tipos básicos, sendo um de transição.


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ALBUQUERQUE, Marcos

  • Nota sobre a ocorrência de sambaquis históricos e de contato interétnico no litoral de Pernambuco. Revista do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, vol. 1, n. 1, Recife 1970, pp. 153-158.

Para o autor, o sambaqui histórico é o que apresenta materiais de origem portuguesa ou luso-brasileira, e o de contato interétnico aquele em que ocorre também material de origem indígena. Embora sitios coloniais de refugo, quando escavados, possam fornecer dados de alto interesse, não se justifica batisá-los de sambaquis, definidos, antes de tudo, como sítios pré-históricos. E também não se pode aplicar a eles a terminologia arqueológica sem adaptações, como se verifica no trecho seguinte: "Os líticos aparecem em muito menor proporção que a cerâmica: afiadores para facas metálicas, pesos de rede, restos e blocos utilizados em construção, etc." (p. 155, grifo meu).


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ALBUQUERQUE, Marcos

  • Nota prévia sobre a ocorrência de pictografias no município de Brejo da Madre de Deus. Boletim do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, vol. 18, Recife 1971, pp. 107-134, resumos em português, francês e inglês.

Segundo o resumo em português: "O páleo-ameríndio no Nordeste do Brasil, através de uma pesquisa arqueológica nos municípios de São Caetano e Brejo da Madre de Deus, no Estado de Pernambuco. Descreve cada sítio isoladamente, no aspecto geográfico, hidrográfico, climático, etc. e tenta delinear uma tipologia para o estudo das Inscrições Rupestres e em particular das pictografias. Destaca os desenhos geométricos e não geométricos. Estabelece uma correlação de ordem ecológico-cultural", ressaltando os estudos ecológicos e especialmente o páleo-ecológico, para uma melhor integração do páleo-indígena da América, com sua habitação" (p. 135).


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ALEXANDROVA, K. V.

  • Academician G. I. Langsdorff and the Russian expedition to Brazil in 1821-1836. Edited by D. E. Berthels and B. N. Komissarov. Leningrad, Library of the Academy of Sciences of the USSR, 1979, 58 páginas.

Reunem-se aqui 360 títulos de livros e artigos que se ocuparam da expedição Langsdorff ao Brasil e das atividades desenvolvidas por seus membros.


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ALVIM, Marília Carvalho de Mello e; MELLO FILHO, Denizart Pereira de

  • Morfologia craniana da população do sambaqui de Cabeçuda (Laguna, Santa Catarina) e sua relação com outras populações de paleoameríndios do Brasil. In Homenaje a Juan Comas en su 65 aniversario, México 1965, vol. II, pp. 37-42.

Cranioscopia e craniometria de material colhido em 1950 e 1951 por Luiz de Castro Faria.


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ALVIM, Marília Carvalho de Mello e; MELLO FILHO, Denizart Pereira de

  • Morfologia da população do sambaqui do Forte Marechal Luz (Santa Catarina). Revista de Antropologia, vol. 15 e 16, São Paulo 1967-1968, pp. 5-12, 2 figuras fora do texto.

Cranioscopia, craniometria e dados sobre os ossos longos do material ósseo humano encontrado por Alan Lyle Bryan (BCEB 1958) neste sambaqui de Ilha de São Francisco no noroeste do Estado de Santa Catarina. A morfologia craniana foi estudada em 19 indivíduos, dos 79 encontrados.


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