A transcrição dos 1049 verbetes contidos no segundo volume da Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira foi concluída em janeiro de 2019. O volume inclui, ainda, 58 acréscimos (novas edições, reimpressões, etc.) referentes a items incluídos no primeiro volume.
BALDUS, Herbert
- Os Oti. Revista do Museu Paulista, N. S., VIII, São Paulo 1954, pp. 79-92. Resumo em inglês. Bibliografia.
O autor reúne os poucos dados existentes sôbre a história e cultura dessa tribo extinta que não foi considerada na parte etnográfica do Handbook of South American Indians e é conhecida também como «Xavante de São Paulo», pois habitava a região de Campos Novos na bacia do Paranapanema. Distinguiu-se dos Opaié-Xavante do sul mato-grossense e dos Akué-Xavante da bacia do Araguaia não só pela língua que é isolada, mas também por não ter tido aldeias circulares nem lavoura, por um corte longitudinal paralelo à borda posterior do pavilhão da orelha e por nunca ter atacado o homem branco.
A história do fim dos Oti escrita por Nimuendajú e publicada do manuscrito inédito (pp. 83-88) mostra o desenvolvimento dramático do encontro de dois povos que, ignorando um o padrão de comportamento do outro, se atemorizam e se prejudicam mutuamente: os Oti comem gado introduzido no seu habitat, ignorando o que êste ato significa na cultura dos invasores e não reagem quando êstes os agridem e matam.
Por outro lado, em certa ocasião um grupo de trabalhadores entra em pânico à vista de algumas mulheres daquela tribo. Portanto, o autor do presente artigo, considerando as diferenças culturais como fatores da extinção dos Oti, vê no encontro dêles com o branco um exemplo de «choque cultural» (p. 88). Egon Schaden (Aculturação Indígena, São Paulo 1964, p. 43), porém, pondera a respeito: «Talvez nem convenha no caso, falar em choque cultural («conflito cultural extraordinàriamente violento a ponto de desintegrar, ao primeiro contacto, grande parte de uma ou de tôdas as culturas em contacto», Willems, 1950, pag. 23 ), uma vez que não houve sequer oportunidade para um confronto propriamente dito dos valores de uma cultura com os da outra. Determinada sem dúvida por padrões de comportamento pré-existentes nos dois sistemas culturais, a interação no entanto parece não ter ido muito além do plano ecológico, de modo que o substrato humano dos Otí foi destruído antes que as culturas, como tais, entrassem em conflito.»
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BALDUS, Herbert
- Das Dualsystem der Kaingang-Indianer. Actes du IVe Congrès lnternational des Sciences Anthropologiques et Ethnologiques (Vienne 1952), II, Wien 1955, pp 376-378.
Trata de vários aspectos da organização em metades tribais entre os Kaingang.
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BALDUS, Herbert
- As danças dos Tapirapé. Anais do XXXI Congresso Internacional de Americanistas (São Paulo 1954), I, São Paulo 1955, pp. 89-98. Bibliografia.
Tratando das danças dêsses índios da bacia do Araguaia, o autor se refere às funções, formas, passos e tempo musical, acrescentando dados comparativos de outras tribos tupi e das vizinhas.
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BALDUS, Herbert
- O estudo etnográfico do índio no Brasil. Revista do Museu Paulista, N. S., IX, São Paulo 1955, pp. 247-259. Bibliografia. A versão inglêsa, intitulada The Ethnographical Study of the Brazilian Indian, apareceu em Ethnos XX, Stockholm 1955, pp. 159-166.
Nesta comunicação feita na I Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953, o autor declara: "…dando agora um balancete do que foi feito para o conhecimento do índio do Brasil, um balancete do que se está fazendo nesse estudo e do que deve ser feito para tal fim, limitar-me-ei a umas poucas tribos em cada uma das diversas partes do país, tribos essas que me parecem merecer atenção especial, seja pelos problemas e conveniências de pesquisa que apresentam, seja pelos trabalhos que, a seu respeito, estão em preparo, em elaboração ou já impressos." (p. 248). Acrescenta algumas observações sôbre o estudo etnográfico do índio brasileiro, no que diz respeito aos diversos componentes da cultura (pp. 252-253).
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BALDUS, Herbert
- Ethnologische und linguistische Forschungsaufgaben in Brasilien. Actes du IVe Congrès International des Sciences Anthropologiques et Ethnologiques (Vienne 1952), III, Wien 1956, pp. 293-295.
Neste trabalho apresentado no simpósio sôbre as tarefas urgentes da Etnologia e Lingüística, realizado nesse Congresso Internacional de Viena, o autor distingue, com referência ao Brasil, três grupos de pesquisas em cada uma das duas disciplinas: (1) um levantamento rápido de tôdas as culturas e línguas existentes, à guisa de survey; (2) a elaboração de monografias tribais e estudos intensivos de determinadas línguas; (3) estudos de mudanças nas culturas e línguas. Trata, depois, de diversas regiões dêste país no que diz respeito às possibilidades oferecidas por elas para a realização de tais presquisas.
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BALDUS, Herbert
- Some Aspects of Tapirapé Morals. Encyclopedia of Morals, edited by Vergilius Ferm. New York 1956, pp. 601-608. Bibliografia.
Referindo-se às observações que, em 1935, fêz nessa tribo da bacia do Araguaia, o autor trata resumidamente das relações entre as gerações e entre os sexos, das forças integrantes e diruptivas na sociedade tapirapé, do comportamento em relação ao sobrenatural e dos conceitos do bem e do mal.
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BALDUS, Herbert
- As contribuições de Maximiliano, príncipe de Wied Neuwied ao estudo dos índios do Brasil. Anais da II Reunião Brasileira de Antropologia (Bahia 1955), Bahia 1957, pp. 73-86. ― Versão alemã abreviada: Maximilian Prinz zu Wied in seiner Bedeutung für die Indianerforschung in Brasilien, Proceedings of the Thirty-second lnternational Congress of Americanists (Copenhagen 1956), Copenhagen 1958, pp. 97-104.
Trata crìticamente das contribuições dêste autor do século passado à etnografia, lingüística e antropologia-física dos índios brasileiros (cf. B. C. 1762). A publicação baiana não está isenta de erros tipográficos.
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BALDUS, Herbert
- A distinção entre pré-história e arqueologia. Anais da II Reunião Brasileira de Antropologia (Bahia 1955), Bahia 1957, pp. 89-93.
Segundo o autor, "à primeira vista poderia parecer recomendável, com referência ao Brasil, falar em arqueologia ao tratarmos de culturas cujos portadores conhecemos ao menos pelo nome, sejam êles tribos extintas como os Tapajó ou vivas como os Guaraní. A pré-história estudaria, então, os produtos dos homens que, por terem sido anteriores a qualquer informação 'histórica', seriam os 'pré-históricos'. Em tal caso a arqueologia estaria ìntimamente ligada à etnologia, isto é, tanto àquela interessada em reconstrução histórica e difusionismo, como também à etnologia que se ocupa com o dinamismo da cultura e sua mudança. Por outro lado, a relação da pré-história com a etnologia se limitaria ao reconhecimento da unidade do gênero humano." (p. 89). Para averiguar se o material brasileiro permite tal distinção entre pré-história e arqueologia, o autor passa rápida revista a alguns de seus aspectos principais, chegando à conclusão de que as dificuldades assim evidenciadas caracterizam o estado atual dos nossos conhecimentos.
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BALDUS, Herbert
- Die Jaguarzwillinge. Mythen und Heilbringergeschichten, Ursprungssagen und Märchen brasilianischer Indianer. "Das Gesicht der Völker". Eisenach und Kassel 1958. 224 pp. in-8°, 1 mapa no texto. Bibliografia.
O autor selecionou, verteu para o alemão e comentou estas 39 lendas colhidas por êle entre os Karajá, Tereno e Kaingáng, e por outros pesquisadores em outras tribos do Brasil. Na introdução (pp. 7-24) procura dar ao grande público algumas noções gerais acêrca do índio brasileiro. Os comentários a cada uma das lendas abrangem as pp. 189-218.
Por descuido da casa editora (Erich Röth-Verlag) que deixou de apresentar ao autor as últimas provas tipográficas, não saiu, em dois casos, a indicação de que tribo procede o respectivo texto. Seja-me permitido esclarecer aqui que colhi "Die Pfeilkette" ("A cadeia de flechas") (p. 156) entre os Kaingang de Guarita no Estado do Rio Grande do Sul e que "Der Eulenruf" ("A coruja grita") (p. 179) é dos Vapidiana, como aliás, evidencia o comentário (p. 216).
Cf. os comentários de Egon Schaden na Revista de Antropologia, VII, São Paulo 1959, pp. 141-143; Hermann Trimborn em Anthropos, LIV, fasc. 1-2, Posieux (Fribourg) 1959, pp. 304-305; G. Kutscher em Baessler-Archiv, N. F., VII, Berlin 1959, p. 213; Etta Becker-Donner em Archiv für Völkerkunde, XIV, Wien 1959, pp. 290-291; S. Henry Wassén em Man, LIX, London 1959, p. 184; Stig Rydén em Ethnos, XXIV, Stockholm 1959, p. 101; G. Hartmann em Sociologus, N. S., IX, Berlin 1959, pp. 188-189; Otto Zerries em Zeitschrift für Ethnologie, LXXXV, Braunschweig 1960, pp. 167-168; Josef Haekel em Wiener Völkerkundliche Mitteilungen, IX. Jg., N. F., IV, Wien 1961, pp. 91-93; Wilhelm Saake em Staden-Jahrbuch, IX/X, São Paulo 1961/62, pp. 191-192; Hans Becher em Boletín Bibliográfico de Antropología Americana, XXI-XXII (1958-1959), México 1962, pp. 101-102.
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BALDUS, Herbert
- Cândido Mariano da Silva Rondon 1865-1958. Revista do Museu Paulista, N. S., X, São Paulo 1956-1958, pp. 283-293, 1 prancha fora do texto. Bibliografia. ― Saiu também em Anhembi n. 88, São Paulo 1958, pp. 46-56.
Trata das contribuições à Etnologia Brasileira feitas ou possibilitadas por êsse grande sertanista e da sua luta em prol do índio.
Aos mesmos assuntos se refere o texto da conferência do autor intitulada "Rondon e o índio" e publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, LXII, São Paulo 1966, pp. 47-57, depois de proferida, por ocasião da comemoração do centenário do nascimento de Rondon, no auditório daquela entidade. Apareceu, também, em Humboldt, Revista para o Mundo Luso-Brasileiro, 12, Hamburgo 1965, pp. 16-19. Sua versão francesa saiu no Bulletin de la Société suisse des Américanistes, n. 29, Genève 1965, pp. 3-11.
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BALDUS, Herbert
- Contribuição à lingüística gê. Miscellanea Paul Rivet octogenario dicata, II. México 1958, pp. 25-41, 1 figura no texto. Bibliografia.
O autor compara 143 nomes de animais em cherente, por êle colhidos, com termos correspondentes em akuê-chavante, krahó, apinagé e canela, mostrando semelhanças e diferenças de tôdas essas línguas gê entre si. Menciona, ainda, que na comparação do referido material gê com têrmos correspondentes em kaingang, karajá e tapirapé não aparece nenhum caso de semelhança.
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BALDUS, Herbert
- Paul Rivet. Anhembi, n. 90, São Paulo 1958, pp. 466-469. Bibliografia. ― Saiu com acréscimos nas Actas del XXXIII Congreso Internacional de Americanistas (San José 1958), I, San José, Costa Rica, 1959, pp. 44-50, e na Revista do Museu Paulista, N. S., XI, São Paulo 1959, pp. 233-239, 1 prancha com retrato de Rivet fora do texto.
Panegírico, destacando as contribuições dêste americanista para o conhecimento das línguas do Brasil.
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BALDUS, Herbert
- O mêdo na cultura tapirapé. Anhembi, n. 93, São Paulo 1958, pp. 456-462. ― Saiu também nos Anais da III Reunião Brasileira de Antropologia (1958), Recife 1959, pp. 47-54. Versão inglêsa sob o título The Fear in Tapirapé Culture, apareceu nos Selected Papers of the Fifth International Congress of Anthropological and Ethnological Sciences (Philadelphia 1956), Philadelphia 1960, pp.396-400.
"Os Tapirapé distinguem-se de outras tribos sul-americanas por exteriozarem o mêdo em ambos os sexos, pela freqüência e facilidade de exteriorização e pelo sem-número das causas do mêdo." (p. 457). Para provar isso, o autor descreve várias experiências que teve no convívio com êsses índios.
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BALDUS, Herbert
- A "Etnologia Histórica" no Brasil. Suplemento Literário n. 159 d'O Estado de S. Paulo, de 28 de novembro de 1959.
Partindo dum comentário ao trabalho de Florestan Fernandes sôbre "Tendências teóreticas da moderna investigação etnológica no Brasil", o autor indica as contribuições para a chamada "Etnologia Histórica" com referência aos índios do Brasil. Florestan Fernandes respondeu no Suplemento Literário n. 166 d'O Estado de S. Paulo, de 23 de janeiro de 1960.
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BALDUS, Herbert
- Beiträge in deutscher Sprache zur Indianerforschung in Brasilien (1954-1958). Mitteilungen aus dem Museum für Völkerkunde in Hamburg, XXV. Hamburg 1959, pp. 151-155. Bibliografia.
Depois de referir-se às contribuições em língua alemã para o estudo dos índios do Brasil publicadas até 1953 das quais mais de trezentas e cinqüenta foram tratadas no primeiro volume de sua Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, o autor passa a comentar 64 publicações alemãs posteriores que versam sôbre o mesmo assunto.
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BALDUS, Herbert
- Antropologia Aplicada e o indígena brasileiro. Anhembi, XL, n. 119, São Paulo 1960, pp. 257-266.
Exposição do coordenador do Seminário de Antropologia Aplicada em relação ao indígena brasileiro, realizado na IV Reunião Brasileira de Antropologia. O autor chega à seguinte conclusão: "Entramos na época em que a Antropologia Aplicada, substituindo os conceitos da Etnologia Colonial, nos ensina que o indígena do Brasil, para ser brasileiro, não precisa deixar de ser índio, sendo o nosso dever colaborar na consolidação de sua cultura como subcultura brasileira. Aceitando esta tarefa assumimos conscientemente um duplo papel, o de antropólogo-intervencionista ou de observador e instigador. O antropólogo e o intervencionista se fundem ao elaborarem num survey a linha básica para a evaluation e se identificam neste registro dos processos de integração." (pp. 265-266).
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BALDUS, Herbert
- Estórias e lendas dos índios. Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro, I. Seleção e introdução de … Ilustrações de J. Lanzellotti. São Paulo 1960, 303 pp. in-8°, 71 figuras e 1 mapa no texto.
Sendo a série da qual faz parte o presente volume, destinada à divulgação do folclore entre o grande público, o critério da seleção foi dar amostras das mais diferentes culturas indígenas distribuídas nas mais diversas regiões do norte, sul, este, oeste e centro do Brasil. Com uma única exceção foram excluídos os textos publicados no opúsculo "Lendas dos índios do Brasil" (B. C. 150). A contribuição do selecionador se limitou à indicação das fontes (mencionadas no fim de cada texto), ao esbôço do mapa com a localização das (mais de vinte) tribos representadas no livro (p. 19) e à introdução (pp. 9-15). Os 72 textos colhidos e publicados por diversos autores foram adaptados pelo romancista paulista Afonso Schmidt, supervisor literário da série. Os desenhos, pretendendo atrair o interêsse do "homem do povo" e satisfazer o seu gôsto, lesam, às vêzes, a veracidade etnografica, por exemplo nas pp. 263 e 289. Não foram vistos pelo selecionador antes de sua publicação.
Cf. o comentário de Maria Helena C. de Figueiredo Steiner em Sociologia, XXIV, n. 1, São Paulo 1962, pp. 73-74.
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BALDUS, Herbert
- Kauí. Beíträge zur Völkerforschung: Hans Damm zum 65. Geburtstag. Veröffentlichungen des Museums für Völkerkunde zu Leipzig, Heft 11, Berlin 1961, pp. 22-26.
O autor trata desta bebida fermentada, comparando as observações que fêz entre os Tapirapé com dados acêrca de outras tribos brasileiras.
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BALDUS, Herbert
- Dringende Aufgaben für Amerikanisten. Akten des 34. Internationalen Amerikanistenkongresses (Wien 1960), Wien 1962, pp. 37-42. Saiu também no Bulletin of the International Committee on Urgent Anthropological and Ethnological Research, n. 5, Vienna 1962, pp. 59-64, e na revista Südamerika, XII. Jg., Heft 1, Buenos Aires 1961, pp. 4-7.
Nesta introdução a um simpósio sôbre tarefas etnológicas urgentes, o autor, depois de historiar a campanha internacional de salvar para a posteridade tudo que possa documentar as culturas indígenas, em vias de desaparecimento, estuda as relações entre a "etnografia clássica" e a "antropologia aplicada" no que diz respeito a essas tarefas, ventila o problema de dar prioridade à investigação de determinada tribo, trata de pesquisas realizadas no Brasil, nos anos de 1953 a 1959, e justifica, por fim, a organização daquele simpósio.
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BALDUS, Herbert
- Was ist seit 1500 aus dem Indianer Brasiliens geworden? Akten des 34. Internationalen Amerikanistenkongresses (Wien 1960), Wien 1962, pp. 187-194. Saiu também em Humboldt, Revista para o Mundo Luso-Brasileiro, n. 4, Hamburgo 1962, pp. 21-25.
Tenta mostrar, sinopticamente, o comportamento dos índios do Brasil para com os brancos e o dêstes para com aquêles, desde a descoberta até a atualidade. Trata, depois, de problemas da mudança cultural.
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