Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, Volume II (Baldus 1968)

A transcrição dos 1049 verbetes contidos no segundo volume da Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira foi concluída em janeiro de 2019. O volume inclui, ainda, 58 acréscimos (novas edições, reimpressões, etc.) referentes a items incluídos no primeiro volume.


ADAMS, Patsy

  • Textos Culina. Folklore Americano, año X, n. 10, Lima 1962, pp. 93-222, 12 textos musicais, 8 figuras e 1 mapa no texto, 1 mapa fora do texto. Bibliografia.

Importante contribuição para o estudo da língua dos Kulina (Kolina), de sua mitologia e música. 31 textos nesse idioma aruak são acompanhados de versões livres em espanhol (pp. 99-170) e seguidos por 12 canções (pp. 171-178) e um vocabulário alfabético kulina-espanhol (pp. 179-209).


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ADAMS, Patsy Jean

  • Some notes on the Material Culture of the Culina Indians. Antropológica, n. 12, Caracas 1963, pp. 27-44, 7 pp. de figuras no texto.

Estas ligeiras notas sôbre os Kulina da aldeia situada na confluência do Purus com o Chambuiacu no departamento peruano de Loreto se referem à construção da casa, à indústria, à indumentária e à aquisição do sustento.


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ADAMS, Patsy

  • La música culina. Separata de Perú Indígena, ns. 24/25, Lima 1964, 8 pp. com 9 textos musicais.

Interessante contribuição para a musicologia dêsses Aruak da região do alto Purus.


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AHLBRINCK, W.

  • Op zoek naar de Indianen. Amsterdam 1956. 184 pp. in-8°, 30 figuras no texto, 41 figuras em pranchas e 2 mapas fora do texto. Bibliografia.

Contém preciosos dados acêrca dos Oaiana (Wajana), tribo karaíb visitada pelo autor em 1938 no sul de Surinam e cujo território se estende no Brasil até os rios Jari e Paru. Apresenta também interessantes notas sôbre duas outras tribos karaíb daquela colônia holandesa: os Wama e os Wajarikoele.


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ALBISETTI, Cesare

  • Il villaggio boróro. Anthropos XLVIII, Freiburg in der Schweiz 1953, pp. 625-630, 1 gráfico no texto, 1 prancha fora do texto. Bibliografia.

Esta descrição da aldeia bororo é, antes de tudo, uma importante contribuição à etno-sociologia.


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ALBISETTI, César

  • Nótulas morfemo-etimológicas de língua "boróro". Anais do XXXI Congresso Internacional de Americanistas (São Paulo 1954), II, São Paulo 1955, pp. 1073-1082.

Êste artigo estriba-se em "mais de 60 textos de lendas" dos Bororo Orientais, "mais de 8000 formas e muitos textos de cantos" dêstes índios mato-grossenses (p. 1073).


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ALBISETTI, César, e VENTURELLI, Ângelo Jayme

  • Enciclopédia bororo, I: Vocabulários e etnografia. Publicação nº 1 do Museu Regional Dom Bosco, Campo Grande (Mato Grosso) 1962, xxxi, 1047 pp. in-8º gr., 959 figuras, 2 mapas, 3 gráficos, 1 tábua e 1 fac-símile no texto, 1 mapa e 4 pranchas coloridas fora do texto, índice alfabético de autores. Bibliografia.

Obra monumental que, pela abundância das informações nela contidas e pela exatidão de sua apresentação, honra os salesianos, seus autores, e os índios que com êles colaboraram.
A introdução do vol. I (pp. 0.1-0.18) orienta, de forma concisa, sôbre a língua bororo e descreve os informantes. No tocante a um dos principais dêles, Tiago Marques Aipoburéu, que, na Etnologia Brasileira, alcançou certa fama pelo estudo de Florestan Fernandes (B. C. 477) baseado em Baldus, Colbacchini e Albisetti, vicejou no cérebro dos enciclopedistas uma frase terrível, a saber: "Esta invulgar figura de bororo foi levianamente criticada por observadores menos atentos que hastearam a bandeira da marginalidade do inesquecível e nobre índio transformando-a de gloriosa, como realmente foi para sua tribo, para si e para a civilização, em rôto farrapo de remorsos, conflitos sem solução, e desespêro." (p. 0.17). Aparentemente confundem o conceito etnológico com o do noticiáro policial.
O vocabulário alfabético bororo-português (pp. 1-968) encerra cêrca de dez mil "formas" (p. 0.1) com precioso material etnográfico contido nos verbetes referentes à organização social, à religião e a outros aspectos da cultura. Especialmente ricos são os dados ergológicos acompanhados de centenas de ilustrações. Para dar o máximo também à lingüística esforçam-se os autores em apontar, tanto quanto possível, a origem das palavras bororo andando com destemor no campo lúbrico da etimologia. Apêndices (pp. 969-987) tratam da linguagem dos xamãs e do pranto ritual. Pena é faltar índice detalhado de matérias. Supriu-o, em parte, o vocabulário português-bororo (pp. 989-1035).
A extensa bibliografia (pp. 1037-1046) foi copiada da B. C. com tanta fidelidade que os piedosos autores da Enciclopédia caíram, até, vítimas dum êrro tipográfico da sua fonte. É que reproduzem o ítem 506 que nada tem com Bororo e cujo número entrou no índice das tribos da B. C. em lugar de 507. Êste desastrezinho bem poderia servir-lhes de lição por não terem citado a fonte de suas indicações bibliográficas.
Cf. os comentários de Lévi-Strauss em Mythologiques: Le cru et le cuit (B. C. 2343), pp. 15, 48-54 e passim.


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ALMEIDA, Ceciliano Abel de

  • O desbravamento das selvas do rio Doce (Memórias). Coleção Documentos Brasileiros, CIII. Rio de Janeiro 1959, xv, 251 pp. in-8º.

Êste livro de memórias de um engenheiro contém uma parte intitulada "Bugres" (pp. 72-81) tratando ligeiramente das relações que os índios daquela região tiveram com os brancos durante a segunda metade do século passado até o comêço do nosso. Hostilidades dos Krenak são descritas nas páginas 202-206.


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ALVIM, Clóvis de Faria

  • Nível mental e personalidade dos índios pré-colombianos do vale do Rio das Velhas. Revista da Universidade de Minas Gerais, n. 14, Belo Horizonte 1964, pp. 131-161, 3 pp. de figuras no texto, 3 pranchas fora do texto. Bibliografia.

Aplicando os critérios de avaliação dos testes de Goodenough e de Machover a desenhos rupestres daquela região, o autor conclui que "Os achados concernentes ao nível mental comparam-se favoràvelmente aos dos nossos analfabetos atuais, residentes na zona rural." (p. 160). Não sei o que as autoras daqueles testes achariam dessa aplicação a pesquisados não-presentes e tão desconhecidos. Em todo caso, o trabalho foi apresentado não a uma reunião de pré-historiadores e muito menos de etnólogos, mas "ao VI Congresso Nacional de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental, em Belo Horizonte, em agôsto de 1962." (p. 131).


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ALVIM, Marília Carvalho de Mello e

  • Estudo do Homem de Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasil. Morfologia do astrágalo. Boletim do Museu Nacional, N. S., Antropologia, n. 21, Rio de Janeiro 1963, 42 pp., 15 figuras e 18 gráficos no texto, 1 tabela fora do texto. Bibliografia.

Estuda 47 ossos do pé dos habitantes pré-colombianos daquela região.


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ALVIM, Marília Carvalho de Mello e

  • Diversidade morfológica entre os índios "Botocudos", do leste brasileiro (século XIX) e o "Homem de Lagoa Santa". Boletim do Museu Nacional, N. S., Antropologia, n. 23, Rio de Janeiro 1963, 70 pp., 9 figuras no texto, 2 tabelas fora do texto. Bibliografia.

Depois de tratar resumidamente da história dos Botocudos (pp. 6-15), a autora estuda 33 crânios dêsses índios (pp. 15-51) e os compara com os dos habitantes pré-colombianos daquela região de Minas Gerais (pp. 51-59). Das conclusões destacamos: "A afinidade morfológica entre as várias tribos de índios 'Botocudos' das Províncias da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, mencionada por vários autores, encontra confirmação na análise do material craniano realizada." (p. 59). "O número de espécimes descritos na literatura antropológica, quer sôbre os índios 'Botocudos', quer sôbre os do 'Homem de Lagoa Santa' é reduzido, podendo não caracterizar expressivamente a morfologia dessas populações." (p. 61 ). "A antiga hipótese do estreito parentesco entre os índios 'Botocudos' e o 'Homem de Lagoa Santa' não pode ser comprovada…" (pp. 61-62). "À base do material craniano, aqui descrito, não se justifica a inclusão dos indíos 'Botocudos' no cânone dos Fuéguidos de IMBELLONI." (p. 62).


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ANCHIETA, José de [1534-1597]

  • Poesias. Manuscrito do séc. XVI, em português, castelhano, latim e tupi. Transcrição, traduções e notas de M. de L. de Paula Martins. Apresentação de Herbert Baldus. Prefácio de Hélio Abranches Viotti. Boletim do Museu Paulista, IV. São Paulo 1954. xxvii, 835 pp. in-8º, 22 figuras no texto.

Esta obra monumental divide-se em duas partes. A primeira apresenta textos poéticos de um caderno do insigne jesuíta em edição diplomática acompanhada de reprodução fac-similar. A segunda parte repete os mesmos textos, agrupando-os segundo as diversas línguas dos originais (português, castelhano, latim, tupi e polilíngüe), modernizando a ortografia e pontuação, acrescentando comentários e juxtapondo aos textos em latim e tupi a versão portuguêsa.
Analisando-lhe o valor etnológico, podemos distinguir os dois seguintes aspectos: (1) o que o livro diz a respeito da cultura dos índios; (2) o que êle diz com referência à atitude do autor em relação aos índios, portanto à cultura dêle e ao tratamento dispensado pelos missionários aos catecúmenos.
Os dados etnográficos propriamente ditos não acrescentam muito de nôvo ao que Anchieta em outros escritos (B. C. 53) e os demais quinhentistas nos relataram dos Tupinambá. Sendo uma parte das "Poesias" peças teatrais destinadas a retratar e reprovar o pecado, elas apontam aspectos que chocaram o missionário. Assim, por exemplo, o Diabo acusa uma alma que acaba de se desprender do corpo de um índio: "…Embora não fôsse briguenta, tu espancaste a pau a tua espôsa!…Também roubaste um certo vinho. A certa mulher casada fizeste convites criminosos." (628-629). Comportamento semelhante podemos observar entre Tupi modernos. Na peça intitulada Na Festa de São Lourenço (p. 686) e na sua adaptação com o título Na Festa do Natal (p. 750), o Diabo recomenda:
"É bom dançar,
adornar-se, tingir-se de vermelho,
empenar o corpo, pintar as pernas,
fazer-se negro, fumar,
curandeirar…"
Esta enumeração, aliás etnogràficamente interessante, de tão importantes traços da cultura tupinambá como sendo costumes do agrado de Satanás e, portanto, sujeitos à condenação pela Igreja, evidencia a posição do jesuíta quinhentista em relação à cultura indígena.
Cf. o comentário de Herbert Baldus na Revista do Museu Paulista, N. S., X, São Paulo 1956/58, pp. 307-308.


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ANDERSON, Lambert

  • Los ritos de pubertad de los ticuna. Separata de Tradición: Revista Peruana de Cultura, año VII, nrs. 19-20, Cuzco 1955-1957. 11 pp.

Ligeira descrição dos principais aspectos desta cerimônia assistida pelo autor na tribo do Solimões estudada por Nimuendajú, que a chama Tukuna.


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ANDERSON, Lambert

  • The Structure and Distribution of Ticuna Independent Clauses. Linguistics, XX, The Hague 1966, pp. 5-30.

O autor, membro do Summer Institute of Linguistics, colheu os dados para êste artigo na aldeia tikuna (tukuna) de Cushillococha, Peru.


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A (ANDREE, Karl) 1808-1875

  • Das Vorkommen der Muschelhügel in allen Erdtheilen. Globus, V, Hildburghausen 1864, pp. 149-152.

Neste artigo sôbre a existência de concheiras nas diversas partes do mundo estão insertos, em versão alemã, trechos referentes aos "Cario's" ou "Carûjo's" como produtores dos sambaquis do sul brasileiro, trechos êsses tirados dum manuscrito do padre Antônio Vieira, intitulado "Memoria historica da Cidade de Paranagua" e encontrado no arquivo da Câmara Municipal da mesma localidade.


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ANÔNIMO

  • Vocabulario dos Indios Cayuás. Revista do Instituto Historico e Geographico do Brazil, XIX (Tomo VI da terceira serie) 1856, segunda edição, Rio de Janeiro 1898, pp. 448-474.

Vocabulário alfabético português-kaiova.


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ARAGÃO, A. C. Teixeira de

  • Catalogo dos objectos de arte e industria dos indígenas da America que pelas festas commemorativas do 4° centenario da sua descoberta a Academia Real das Sciencias de Lisboa envia á Exposição de Madrid. Lisboa 1892, 44 pp. in-4º, 2 pranchas fora do texto.

Ligeira descrição de 457 objetos que "foram pela maior parte adquiridos no seculo XVIII nas margens do Amazonas, ilha de Marajó, grutas de Maraca, Rio Negro, etc." (p. 4). Infelizmente falta indicação exata da procedência na maior parte dos ítens. Interessantes são as referências às máscaras tukuna (pp. 24-26).


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ARAÚJO, Alceu Maynard

  • Folclore Nacional. Prefácio de Herbert Baldus. São Paulo 1964. I: 479 pp.; II: 457 pp.; III: 426 pp.; in-8º , numerosas figuras no texto e em pranchas fora do texto, índices alfabéticos de nomes e matérias.

No volume III, pp. 45-49, tratando do toré, "de origem ameríndia" (p. 45), há referências à realização dessa cerimônia entre os Kariri de Pôrto Real do Colégio (nota 26).
A respeito dêsses índios alagoanos do rio São Francisco cf. Alfonso Trujillo Ferrari (B. C. 2147).


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ARNAU, Frank

  • Der verchromte Urwald. Licht und Schatten über Brasilien. Segunda edição, revista e aumentada. Frankfurt a. M. 1958. 344 pp. in-8º, 33 pranchas no texto, índices alfabéticos de nomes e matérias. Bibliografia. ― Primeira edição: 1956.

O capítulo intitulado "Die Chavantes-Indianer" (pp. 151-166) dêste livro dum jornalista sensacionalista não merece ser lido, pois apresenta dados aparentemente de segunda mão e, em grande parte, errados. Das fotografias (pp. 162-164) publicadas com a indicação "Bei den Chavantes" ("Entre os Chavante"), duas representam índios Karajá e uma xinguanos.


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ARNAUD, Expedito

As interessantes notas sôbre a primeira destas tribos (pp. 1-15) são seguidas por pequeno vocabulário português-asuriní (pp. 15-18) colhido pelo autor. Os escassos dados sôbre os Parakanan (pp. 18-21) se baseiam em relatórios do Serviço de Proteção aos Índios.


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