Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira, Volume I (Baldus 1954)

A transcrição dos 1785 verbetes do primeiro volume da Bibliografia Crítica da Etnologia Brasileira foi concluída em julho de 2018.


AYROSA, Plinio

  • Vocabulario na lingua brasilica. Manuscrito português-tupi do século XVII, coordenado e prefaciado por Plinio Ayrosa. Coleção do Departamento de Cultura XX, São Paulo 1938. 433 pp. in-8º, 5 pranchas. — 2ª edição revista e confrontada com o Ms. fg., 3144 da Bibl. Nacional de Lisboa foi publicada por Carlos Drumond como Boletim 137 e 164 da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, Etnografia e Tupi-Guarani Nº 23 e Nº 26, São Paulo, 1952 e 1953, 154 e 149 pp. in-8º.

Fonte importantíssima para a tupinologia com material interessante para a Etnologia Brasileira. Escreve o prefaciador (p.68): "…com os dados de que dispomos, e em face do que nos forneceu o longo estudo desapaixonado do manuscrito, não podemos, em sã consciência, negar as possibilidades de ter sido Anchieta o autor primeiro deste primeiro valiosissimo Vocabulário." Cf. também Ayrosa: Apontamentos etc., p. 270. Philipson (Nota etc., p.8) acha que aquele vocabulário "com muita razão é atribuido a Anchieta".

Mas, na opinião do padre Serafim Leite (Páginas de história do Brasil, São Paulo 1937, pp. 63-69; História da Companhia de Jesus no Brasil II, Lisboa e Rio de Janeiro 1938, pp.552-556; Leonardo do Vale, autor do primeiro "Vocabulario na língua brasilica [1591]", Verbum, Rio de Janeiro 1944), foi o jesuíta Leonardo do Vale o autor da obra em aprêço. Esta suposição é fortalecida pelo padre A. Lemos Barbosa (O "Vocabulário na Lingua Brasilica", Rio de Janeiro 1948, 37 pp.), para quem, além disso, "resulta bem claro que o primitivo texto do Vocabulario não foi redigido em Piratininga, senão mais para o Norte." (p.4).

Das relações entre o Vocabulario na língua brasilica e o Diccionario Brasiliano trata M. de L. de Paula Martins (O Dicionário etc.). A mesma autora (Vocabulários tupis — O problema VLB, Boletim Bibliográfico XIII, São Paulo 1949, pp.59-71) continua a discussão sôbre a autoria daquele, demonstrando que esta, por enquanto, é um problema sem solução definitiva. Acrescenta (ibidem pp.72-93) importante relação de emendas obtida pelo confronto da edição de 1938 com manuscritos existentes na Biblioteca Pública Municipal de São Paulo e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Prefaciando a segunda edição (p.11), Ayrosa responde aos críticos.


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AYROSA, Plinio

O autor acrescenta às indicações bibliográficas que, pela sua exatidão, satisfazem às exigências do bibliófilo e do bibliotecário, comentários reveladores da sua competência como tupinólogo.

Interessando-se, antes de tudo, pela língua conservada nas obras dos antigos jesuítas (Anchieta, Figueira, Montoya, Restivo, etc.) e pelo que disso ficou no vocabulário dos brasileiros e paraguaios modernos, trata só acessòriamente de alguns dialetos falados por tribos de índios ainda existentes.

Apesar disso seu trabalho é uma fonte de informações valiosas para todos aquêles que estudam um ou outro membro da grande família tupi.

Cf. o comentário de M. de L. de Paula de Martins no Boletim Bibliográfico III, São Paulo 1944, pp.51-52.

Edelweiss (Tupís e Guaranís, Bahia 1947, p.177) observa: "Os 'Apontamentos' são o melhor dos seus livros e a melhor bibliografia tupí-guaraní existente, a despeito das numerosas falhas, principalmente críticas".


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AYROSA, Plinio

  • Nome dos membros do corpo humano e outros designativos na língua brasílica. Mss. do séc. XVIII, transcritos e anotados. Boletim CXIV da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, Nº 19 de Etnografia e Língua Tupi-Guarani. São Paulo 1950, 41 pp. in-8º, 2 pranchas no texto. Bibliografia.

Nomenclatura português-tupi de partes do corpo, designativos de tempo, advérbios de lugar e têrmos de parentesco, coordenada alfabèticamente. Os originais estão no Museu Britânico.


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AYROSA, Plinio

  • Vocabulário Português-Brasílico. Mss. do séc XVIII, transcritos e ordenados. Universidade de São Paulo, Faculdade de História, Ciências e Letras, Boletim n. 135, Etnografia e Tupi-Guarani n. 21, São Paulo 1951, 113 pp. in-8º, 7 pranchas fora do texto.

Trabalho baseado em originais que se encontram no Museu Britânico, contendo rico material para a tupinologia.


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AZARA, Félix de 1746-1821

  • Viajes por la América Meridional. Publicados con arreglo a los manuscritos del autor, con una noticia sobre su vida y sus escritos, por C. A Walckenaer; enriquecidos con notas por G. Cuvier. Traducida del francés por Francisco de Las Barras de Aragón. Madrid 1923. I: 309 pp., 2 pranchas fora do texto; II: vii, 233 pp., 1 prancha e 2 tabelas fora do texto; in-8º. O original francês apareceu em Paris no ano de 1809; a tradução alemã saiu em Berlim no ano de 1810, a italiana em Milano no ano 1817.

O segundo volume trata de índios do sul mato-grossense e do Paraguai, considerando, entre êles, especialmente as tribos guaikuru, guarani e aruak. É fonte importante, mas só pode ser utilizada com reservas, não lhe faltando dados confusos e fantasiosos.


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AZEVEDO, Antonio Peixoto de

  • Memoria sobre a descoberta de uma nova viagem da cidade de Cuiabá para a do Pará, feita pelo Paranatinga até então desconhecido. Boletim da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro I, Rio de Janeiro 1885, pp. 15-42.

Êste relatório de uma viagem feita em 1819 narra um encontro hostil com os "gentios Mururá" (pp.30-31).


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AZEVEDO, Fernando de 1894-

  • Sociologia educacional. Biblioteca pedagógica brasileira, série 4ª: Iniciação científica, vol. 19. São Paulo 1940, 474 pp. in-8º. Bibliografias.

O capítulo intitulado "A educação nas sociedades primitivas"(pp.137-158) contém referências a índios do Brasil


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AZEVEDO, Fernando de

  • A cultura brasileira. Introdução ao estudo da Cultura no Brasil. Instituto Brasileiro de geografia e Estatística. Recenseamento Geral do Brasil. Série Nacional, vol. I. Introdução, t.1. Rio de Janeiro 1943. xviii, 535 pp. in-8º. 418 figuras em pranchas fora do texto. Bibliografias. Índices de nomes, de assuntos e de gravuras. (2ª edição, São Paulo 1944, 544 pp.). - Edição norte-americana: Brazilian Culture. An Introduction to the Study of Culture in Brazil. New York 1950. 562 pp., 418 figuras.

Refere-se ligeiramente à etnologia no Brasil (pp.239-240).


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AZEVEDO, Luiz Heitor Corrêa de

Importante contribuição para o estudo da música dos índios do Brasil.


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AZEVEDO, Tales de 1904-

Sugestões para pesquisas, acompanhadas de numerosos dados relativos à alimentação dos índios do Brasil. O artigo merece ser lido por todos os estudiosos da Etnologia Brasileira, apesar de certos senões como, por exemplo, a deturpação do sentido duma frase por causa da omissão de frases anteriores num trecho citado (p.242) e a confusão de Kaingang com Bororo (p.243).

Um tanto modificado e enriquecido com alguns acréscimos, o presente trabalho foi reproduzido nas páginas 21-41 do folheto do mesmo autor, intitulado "Inqueritos sobre nutrição e habitos alimentares", Bahia 1947. Infelizmente, os senões acima aludidos foram conservados, passando os das páginas 242 e 243 para as páginas 32 e 33.


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AZEVEDO, Thales de

  • A tuberculose no Brasil pre-cabralino. Revista do Arquivo Municipal LXXV, São paulo 1941, pp.201-204.

Importante contribuição ao estudo das doenças dos índios do Brasil.


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AZEVEDO, Tales de

  • O vegetal como alimento e medicina do índio. Revista do Arquivo Municipal LXXVI, São Paulo 1941, pp.263-270.

Trabalho interessante, mas, bastante apressado, contendo afirmações injustificáveis e inexatidões. O autor confunde, por exemplo, von den Steinen com Nimuendajú (p.265).


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BACH, J.

  • Datos sobre los Indios Terenas de Miranda. Anales da la Sociedad científica argentina, LXXXII, Buenos Aires 1916, pp.87-94.

O autor, comerciante de profissão, visitou, de 21 de fevereiro a 14 de abril, de 1896, várias aldeias dêsses índios aruak do sul de Mato Grosso, cujo total calcula em doze a catorze mil (p. 90). Êste cálculo parece exagerado, pois atas cuiabanas do ano 1848 indicam 2000 "Terenas" (Tereno), Castelnau em livro publicado em 1850 fala de cêrca de 3000, e Taunay, nas "Scenas de viagem" aparecidas em 1868, menciona o número de três a quatro mil.

O presente trabalho consiste em ligeiras notas acompanhadas de uma pequena lista de vocábulos (pp. 93-94).


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BADARIOTTI, Nicoláo

  • Exploração do Norte de Matto Grosso, região do Alto Paraguay e planalto dos Parecis. Apontamentos de Historia Natural, Etnographia, Geographia e impressões pelo padre… salesiano. S. Paulo 1898, 212 pp., 2ff., in-8º, 1 mapa.

Contém referências aos índios "Barbados", Chikito, Bakairi e, principalmente, aos Pareci, nem todas elas dignas de fé. Às páginas 75 e 76 apresenta um vocabulário comparativo português-pareci-tupi-botocudo-guaikuru. Traz, em apêndice, as palavras designativas de "Deus" e "Homem" nas línguas sul-americanas mencionadas no segundo tomo dos "Beiträge" de von Martius. Por fim, o autor tenta demonstrar, com ignorância lamentável, ser "a nação dos Parecis… descendente da raça judaica".


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BAENA, Antonio Ladislau Monteiro 1782-1850

  • Observações ou notas illustrativas dos primeiros tres capitulos da parte segunda do Thesouro descoberto no rio Amazonas. Revista trimensal de Historia e Geographi ou Jornal do Instituto Historico Geograhico Brasileiro V (1843), 3ª ediçao, Rio de Janeiro 1885, pp.275-311.

Para criticar ligeiramente a obra do padre João Daniel, o autor reune uma multidão de dados etnográficos e históricos acêrca numerosas tribos da Amazônia. Erra freqüentemente.
Também certas afirmações de Martius são refutadas (pp. 282-285).


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BAENA. Antonio Ladisláo Monteiro

  • Resposta ao illm. e exm. Herculano Ferreira Penna, Presidente da provincia do Pará, sobre a communicação mercantil entre a dita provincia e a de Goyaz. Revista trimensal de Historia e Geographia ou Jornal do instituto Historico e Geographico Brasileiro X (1848), segunda edição, Rio de Janeiro 1870, pp.80-107.

À página 98 há uma lista de tribos do baixo Araguaia


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BAENA, Antonio Ladislau Monteiro

  • Representação ao Conselho Geral da Província do Pará sobre a especial necessidade de um novo regulamento promotor da civilisação dos indios da mesma provincia. Annais da Bibliotheca e Archivo Publico do Pará II, Belém 1902, pp.241-286.

Êste documento, datado de 1831, é interessante para o estudo do tratamento dos índios pelos brancos.


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BAGUET, A.

  • Les Indiens Parecis. Traditions et mythologie des Indiens du Brésil. Bulletin de la Société Royale de Géographie d'Anvers XV, Anvers 1890, pp.187-197.

Segundo Lehmann-Nitsche (Studien zur südamerikanischen Mythologie, p. 194), êste artigo não é trabalho original, mas um mau excerto da obra de Karl von den Steinen.


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BAHLIS, Jorge

  • Civilizações americanas. Rio de Janeiro 1934. 300 pp. in-8º, 19 figuras no texto e em pranchas.

Para conhecer a mentalidade do autor, revelada na presente obra e em outras publicações suas (que não merecem ser citadas), basta ler o seguinte: "Em remotíssimos tempos a América recebeu, da Atlântida, fortes núcleos colonizadores, que, desde logo, trataram de induzir seu idioma, hábito êste seguido por todos os conquistadores. Nos lugares onde conseguiram dominar, foram, de pouco a pouco, fazendo prevalecer sua língua que, por sua vez, se enriquecia com os novos termos empregados na região conquistada. Com o decorrer do tempo, os colonizadores foram-se cruzando com os aborígenes, inferiores racialmente, e remanescentes de sub-raças lemurianas. Dessa cruza forçada pelas circunstâncias resultou o aparecimento de diversos povos, entre os quais se encontram os tupi-guaranys, que conservaram parte dos conhecimentos tradições, e lendas dos colonizadores. Os dialetos tupi-guaranys são, portanto, provenientes de uma riquissima língua desaparecida." (pp.173-174).


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BAHNSON, Kristian

  • Ueber südamerikanische Wurfhölzer im Kopenhagener Museum. Internationales Archiv für Ethnographie, II, Leyden 1889, pp.221 e segs., prancha XIII.

Estudo sôbre propulsores para lançar flechas, no qual o autor se refere a um quadro de A. Eckhoult que representa um índio do nordeste com uma dessas armas na mão. No seu artigo "Ueber einige ältere Bildnisse südamerikaniscer Indianer", p. 81, Ehrenreich esclareceu que êsse índio é um "Tapúia".


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