Contribuição para a etimologia dos brasileirismos

por Eduardo R. Ribeiro

O Tupinambá (ou Tupí Antigo), falado na maior parte da costa brasileira quando da chegada dos europeus, é a língua indígena que mais interesse desperta entre os brasileiros, devido ao papel que desempenhou na história do país e à influência que teve no português brasileiro. Este interesse — entre lingüistas e não-lingüistas — traduz-se comumente em tentativas amadorísticas de se determinarem "etimologias" para os vocábulos de origem supostamente Tupinambá. Tais esforços, feitos sem um conhecimento profundo da gramática e do léxico Tupinambá, comumente resultam em análises fantasiosas, sem o devido respaldo lingüístico e histórico.

À medida que fontes originais sobre o Tupinambá se tornam mais acessíveis, graças à internet, tais exercícios etimológicos tendem a se multiplicar. Poucos são, no entanto, os trabalhos que lidam com as questões metodológicas inerentes a tais exercícios, servindo de guia para aqueles que se interessam pelo assunto. Suprindo esta lacuna, a Biblioteca Digital Curt Nimuendajú acrescentou recentemente a seu acervo o artigo "Contribuição para a etimologia dos brasileirismos", de Aryon Rodrigues (1958). Leitura indispensável para todos os que se interessam pelo português brasileiro e, em particular, pelos tupinismos, o artigo foi publicado originalmente na Revista Portuguesa de Filologia, sendo, assim, pouco acessível ao público brasileiro.

Analisando centenas de termos da fauna brasileira, de origem Tupinambá, o artigo estabelece critérios essenciais para o estudo científico da etimologia dos tupinismos, entre eles a necessidade de atestação documental e de se evitar a confusão entre o Tupinambá e línguas aparentadas (incluindo as línguas gerais dele descendentes). Precedendo o vocabulário etimológico, inclui-se uma lista bastante útil dos sufixos derivacionais e qualificativos mais comuns, como o similitivo -ran e o aumentativo -usu ~ -wasu. A análise baseia-se em fontes sobre o Tupinambá produzidas durante os séculos XVI e XVII, como as obras de Claude d'Abeville, Jean de Léry, George Marcgrave e o anônimo Vocabulario na Lingua Brasilica (1938).

Para saber mais:

Métraux, Alfred. 1948. The Tupinamba. In Steward, Julian H. (ed.), Handbook of South American Indians, Vol. 3: The tropical forest tribes, p. 193-198. Smithsonian Institution, Bureau of American Ethnology, Bulletin 143. Washington: Government Publishing Office.


Publicado originalmente em 8/out/2010 no blog da Biblioteca Digital Curt Nimuendajú

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