"copo dágua", "feixe de lenha", "um pouco de ar", etc. Se a "massa" se compõe de unidade indivisíveis como tais (p. ex. feijão, integrado por grãos; cabelo, integrado por fios, etc.) , o primeiro têrmo dessas locuções será o nome da unidade (grão de feijão; fio de cabelo). Se a "massa" é homogênea (água, carne, ar, etc.) , o primeiro têrmo pode ser um nome de "parte" ou "continente" ou "medida" e a massa figurará como "todo" ou como "conteúdo": "pedaço de carne", "punhado de farinha", "litro de leite", etc. Por um processo análogo, formam-se expressões como: "um pouco de espaço", "um metro de largura", "um instante de tempo", etc. Em tupi, como em geral nas línguas indígenas, os nomes de "massas" significavam também, de per si, as partes delimitadas, sem necessidade de recorrer àquelas locuções formais. Y significa "água" em concreto, tanto a "fonte", como o "rio", a "lagoa", o "mar" e a "vazilha dágua". Abati tanto significa "milho" como "grão de milho". Aba tanto abrange "cabelo", i. é, "cabeleira", como" fio de cabelo". Uí "farinha" e "grão de farinha". Ignoram-se expressões como "copo dágua", "vazilha de farinha", etc. Existiriam expressões como "pedaço da carne", "feixe de lenha", "cesto de frutas", "grão de milho", no seu sentido literal e descritivo, não como partitivos. TEMPO E ESPAÇO1202. Nossas línguas costumam objetivar e substantivar noções mais ou menos abstratas ou acidentais como tempo, espaço, distância, direção, fôrça, inércia, tamanho, época, etc., equiparando-as gramaticalmente aos outros nomes de sêres concretos ou independentes. Nomes como "primavera" podem ser sujeito e objeto de afirmação. Dizemos: "a primavera chegou", "aprecio o verão", "o inverno é frio", como diríamos "o barco chegou", "aprecio o orador", "o gêlo é frio". Dizemos: "a distorsão da lâmina causou a ruptura da alça", como quem diria "o boi derribou o toureiro". Contamos meses e anos, dias e horas, metros e léguas, como se fôssem sêres indivíduos. O tempo e o espaço nos aparecem lingüísticamente como uma "massa" indelimitada, que preenche o vácuo do nada anterior e posterior ao movimento e para lá da última realidade material; massa que se compõe de dias, horas, metros, quilômetros. 1203. Em tupi, a palavra ara abarca confusamente nossas noções de "tempo, temporada, quadra, dia; sol; luz (solar); mundo, espaço; entendimento, juízo". Ara é o tempo-espaço real, não parecendo estender-se ao imaginário. Aplica-se também às partes ou delimitações do tempo-espaço |
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