LIÇÃO 63ªLÍNGUA E CULTURA TUPIS1197. Restaria passar em revista todo o vasto campo da cultura material e não material dos índios tupis, tal como se reflete na sua língua. O assunto pertence mais à etnografia do que à lingüística, e fica reservado para um Manual de estudos tupis, que abrangerá tudo o que se sabe sôbre aquêles índios, desde a antropologia física, a cultura, a língua, os dialetos, a história, a distribuição geográfica, a sua expansão pré e pós-colombiana, até 1198. É óbvio que, povo de cultura tão profundamente diversa, o seu vocabulário não encontra fácil equivalência no nosso. Os dicionários podem dizer que anga significa "alma". Mas o conceito de "alma" difere do de anga tanto em compreensão como em extensão. Nós atribuímos à "alma" notas características (p. ex. a imaterialidade) que não cabem no conceito indígena de anga. Por outro lado, um índio, animista, falará na anga do vento. Etc. — Diga-se outro tanto de cousas como ybaka "céu", îasy "lua", ara "dia", "tempo"; manó "morrer", etc. 1199. No terreno social, já vimos como o parentesco obedece a princípios totalmente diversos dos nossos. Se, p. ex., a palavra uba (t) denomina tanto o "pai" como o "irmão do pai", é claro que ela não tem correspondente preciso em português. Do mesmo modo, "filho" não tem equivalente em tupi, desde que por um lado ayra (t) significa também "filho do irmão = sobrinho paterno" e por outro lado não abrange o filho pela parte materna. |
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