158. A partícula -te dá à interrogação um tom dubitativo, e mesmo negativo: ere-s-enõî-te-pe?: pois o chamaste?; pe-s-epîak-te-pe-ne?: porventura o vereis?; mbaé-te-pe?: que cousa pois? Ocorre amiúde nas respostas interrogativas, comuns no idioma: a-só-te-pe ixé? (ANCH. 36): eu fui? (= não fui) A consoante final da palavra anterior a -pe ou -te pode cair. Sem ser uma norma absoluta, é freqüente a queda de b, facultativa de r, m e n, muito rara de k e (n)g. Quando a consoante não cai, aparece um i ou y eufônico, ainda que não se escreva (n. 20). 159. Emprega-se também, mais rara que -pe, a interrogativa hẽ: marã-pe?, marã hẽ?: como?; mbaé-pe?, mbaé-hẽ?: que? 160. O advérbio serã “talvez, duvidosamente, acaso” serve também de interrogativa dubitativa: asé sy-ramo bé serã Tupã o sy mo-ingó-û? (AR. 37): acaso Deus constituiu sua mãe como mãe nossa também?; marã serã t-ur-eym-i? (VLB 260): por que será que não vem? Raramente, o próprio tom da voz dispensa a partícula. OBS. Em numerosas línguas, tanto civilizadas como primitivas, há diferença de tom ou de estrutura entre dois tipos de interrogações: 1º) a pergunta de afirmação-negação, alternativa (sim ou não?), 2º) a pergunta de especificação (quem?, quando?, como?). Em português, p. ex., a pergunta do 1º tipo pede elevação final do tom. A do 2º tipo, queda de tom.
Alguns autores, para o 2º tipo, usam o sinal reverso de interrogação (¿). Em tupi, há ligeira diferença entre os dois tipos. Para ambos pode-se usar a partícula interrogativa -pe. Já as partículas hẽ e serã são mais comuns no 2º tipo. — Ignora-se se havia diferença de tom. |
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