Alega-se que nas gramáticas houve a preocupação de nivelar os dialetos e de subordinar a língua à gramática latina. A primeira asserção é inteiramente inexata, e precisa ser desmentida de uma vez por tôdas. Tanto ANCHIETA como o Vocabulário na Língua Brasílica e os dicionaristas guaranis registram as variantes locais e chamam para elas a atenção dos leitores. O PE. PAULO RESTIVO na sua obra inédita Frases selectas y modos de hablar tem um apêndice de 5 páginas em duas colunas para consignar "Varios vocabulos, y modos de hablar no vsados en San Xauier, ni en Santa Maria; pero por si acaso fueren vsados en alguma parte destas Reduciones…". Já a segunda afirmativa é verdadeira. Os velhos gramáticos, defrontando-se com idiomas de índole totalmente estranha, não souberam caracterizá-los senão em relação com as línguas e gramáticas clássicas. Não há por que admirar, se as gramáticas portuguêsas da época eram moldadas na latina, da qual, aliás, até hoje não se libertaram inteiramente, como ainda não se libertaram da escolástica1 e de outros defeitos tradicionais.2 Acrescente-se que os gramáticos e missionários, desde ANCHIETA até RESTIVO, mostraram clarividência e intuição de muitos fenômenos específicos da língua, e neste ponto superam a maioria dos modernos gramáticos do tupi amazônico e do guarani do |
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