plo de objetividade científica enquanto persiste nas velhas preocupações de ética lingüística, do que é ou não "correto", tomando como ponto de referência não os fatos atuais mas o uso dos "bons autores", portuguêses e clássicos de preferência.1 Outro ponto para o qual se volta o zêlo lingüístico de alguns críticos: a "artificialidade" dos antigos documentos tupis. Diz-se que os textos dos jesuítas são fictícios, versam assuntos estranhos à cultura indígena (p. ex. nos catecismos, sermões, poesias, etc.), aceitam neologismos inventados pelos Padres, não se sabe se com real penetração na língua, etc. Longe de nós contestarmos o que há de verdade nessas observações.2 Os antigos missionários pagaram tributo à mentalidade dominante na época. Considerando a cultura européia e as línguas clássicas o tipo ideal de cultura e de linguagem humanas, não lograram compreender o interêsse de registrar produções espontâneas de uma língua de índios. Deixaram-nos inúmeras traduções de livros europeus, de composições ocidentais; não nos legaram uma só lenda ou narração autêntica no idioma nativo. Dessa natureza restam-nos apenas frases esparsas. Segue-se que aqueles textos não têm interêsse para a etnologia, por isso que não traduzem o pensamen- |
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