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MEGGERS, Betty J. e MARANCA, Sílvia
  • Uma reconstituição experimental de organização social, baseada na distribuição de tipos de cerâmica num sítio habitação da tradição tupiguarani. Tradução de Lilia Cheuiche Machado. Pesquisas, Antropologia n. 31, São Leopoldo 1980, pp. 227-247, 3 tabelas, 6 figuras. Bibliografia.

Artigo sugestivo em que as autoras recorrem à documentação sobre os Tupinambá e sobre os Tapirapé para interpretar determinadas ocorrências arqueológicas no sítio da Aldeia da Queimada Nova do sudeste do Piauí.
Entretanto, o caráter "experimental" do trabalho não justifica a ingenuidade, para dizer o mínimo. Na interpretação das seqüências seriadas dos cacos de cerâmica lê-se: "A comparação das duas seriações, uma representando o lado leste e a outra o lado oeste da aldeia, revela vários aspectos interessantes: … 6. A pintura vermelha sobre engobo branco está limitada a duas Áreas (…), ambas no grupo oeste. 7. A pintura vermelha numa superfície simples é comum em todas as cabanas no lado leste, mas respresentada em somente uma no oeste …". Donde uma das "hipóteses sugeridas pelas evidências arqueológicas" é: "A limitação da decoração vermelho sobre simples à metade leste (…) e vermelho sobre branco à metade oeste sugere que a preferência por estas técnicas estava correlacionada com residência. Desde que a manufatura da cerâmica é uma atividade feminina, torna-se implícita a residência matrilocal. A restrição de uma técnica rara, o corrugado ungulado, a uma das metades é consistente por este (sic) inferência". (pp. 232-233). A leitura atenta de qualquer monografia etnográfica de bom nível sobre um grupo indígena ceramista de organização dual e residência matrilocal mostraria que as coisas não se passam de tal maneira. "Reconstituições experimentais" do gênero abrem as portas para a pseudo-ciência.

(p. 377)

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