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MURY, Paulo
  • Historia de Gabriel Malagrida, da Companhia de Jesus, Apostolo do Brazil no seculo XVIII, estrangulado e queimado no Rocio de Lisboa em 21 de Setembro de 1761. Tradução de Camillo Castello Branco. Lisboa, s.a., xxix, 190 pp. m-8.º — O original foi publicado em Paris, dez anos antes da presente versão (cf.p. V), sendo o prefácio do autor datado de 1864. A tradução foi reimpressa na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul ano XX, n.º 80, Porto Alegre 1940, pp.295-324, e ano XXI, n.º 81, Porto Alegre 1941, pp.35-115.

Trata das relações que, entre 1724 e 1730, o padre Malagrida teve com as seguintes tribos do Maranhão:

"Tobajáras", cuja missão "estanciava a vinte léguas de S. Luiz, e abarcava toda a margem esquerda do rio Itapicurú. Tres povoações indianas, incluindo a mais conhecida — a dos Tupinambás — formavam o nucleo desta nova cristandade." (p. 23).

"Caicaizes", que acampavam "em esta mesma orla do ltapicurú, perto da tribu dos Tobajáras," e "cuja conversão ao cristianismo opunha graves estorvos." (p. 24).

"Guanarés", "a ferocíssima tribu" que morava "a quatorze dias de navegação de S. Luiz, nas margens do córrego de Codo, que conflue no rio Itapicurú." (p. 25).

"Barbados". Êsses "Barbados, assim chamados porque deixavam crescer as barbas, ao invés dos outros índios, haviam assentado as choupanas no meio duma vasta floresta, perto das margens do Meary, a nove ou dez dias de navegação da foz deste rio. Era a mais belicosa nação daquelas paragens. Tinham horror ao vestido, mais ainda que as outras tribus. À feição de enfeite, acolchetavam no beiço inferior, furando-o, um anel no qual penduravam uma volumosa pedra redonda." (pp.33-34). Malagrida permaneceu dois anos entre êles (p. 55). Convém não confundir êsses índios com a tribo homônima do Alto Paraguai, estudada por Max Schmidt, que a trata de Umotina.

"Guajajaras". Em "Maracú, vinte léguas distante de S. Luiz'', o missionário, em viagem aos Barbados, "escolheu quatro robustos índios da tribu dos Guajajaras para remadores." (p. 35).

"Acroás-Gamellas". Enquanto Malagrida "trabalhava na conversão dos Barbados, travou-se guerra cruel entre esta povoação e a tribu vizinha dos Acroás. Eram os mais ferozes indígenas de todo o Maranhão. Os portugueses os designavam geralmente com o nome de Gamellas, por causa duma espécie de vasozinho circular, que eles metem à laia de enfeite no lábio ínferior. Era-lhes delicioso comer carne humana; e na satisfação deste feroz apetite, caçavam os seus semelhantes dentro das florestas." (p. 52). Depois de tratar das hostilidades dêsses índios, o autor escreve (pp.54-55): "Ao cabo de alguns anos, os Acroás, já menos ferozes, sairam das suas florestas espontaneamente, pedindo aliança aos portugueses, e um missionário que lhes ensinasse a religião do verdadeiro Deus. Foi-lhes enviado o padre Antonio Machado, que passou com eles seis anos (1751-1757)."

(p. 476-477
Nova ed.: Mury, Paul. História de Gabriel Malagrida. Apresentação de Cláudio Giordano; introdução de Aref Claude Srour; tradução e prefácio de Camilo Castelo Branco [1875]. São Paulo: Loyola/Giordano/Istituto Italiano de Cultura, 1992. xx + 233 p., 2 retratos de Malagrida.)

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